terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ab'Saber: COP-15 é farsa; Amazônia crescerá com aquecimento


Geógrafo acredita que Copenhague não chegará a acordo


Carolina Oms escreve para a "Terra Magazine":


Atento aos estudos sobre os impactos das mudanças climáticas globais e às notícias sobre a Cúpula do Clima (COP-15) em Copenhague, Dinamarca, o geógrafo Aziz Ab'Sáber, 85, considerado referência no assunto, retifica a tese de que o planeta está mesmo aquecendo. Mas não acredita que as medidas apresentadas na conferência possam impedir esse processo.

O professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) classifica a conferência como "farsa". "Em um lugar com mais de 1.000 pessoas, não pode haver debate ou questionamentos", justifica.

Tampouco acredita nas metas levadas para a redução de emissão de CO2: "São metas irreais. Quando um país leva uma meta que vai reduzir 40%, por exemplo, não vai".

Ponderado, o professor, critica os que ele chama de "terroristas do clima": "Não tenho dúvida de que as causas (do aquecimento) não são tão perfeitas quanto eles pensam".

Experiente, Ab'Saber estuda geografia há 68 anos (ingressou aos 17 no curso de geografia da USP), ele afirma que os "terroristas" não consideram os movimentos periódicos do clima ou as variações climáticas ao longo da história da Terra.

Sobre as consequências catastróficas prenunciadas pela maioria dos cientistas, ele também faz inúmeras ressalvas. Para ele, o aquecimento não causará a desertificação das florestas tropicais, ao contrário. "A tendência, no caso da mata Atlântica e da Amazônia, é que elas cresçam", defende.

Leia os principais trechos da entrevista:

- O que o senhor está achando da 15ª Conferência das Partes da ONU em Copenhague, a COP-15?

Copenhague é uma farsa, quando eu vi que levaram cerca de 700 pessoas do Brasil pra lá eu disse "meu Deus", essas pessoas não terão um segundo pra falar, nem nada. Para mim, quando uma conferência passa de 1000 pessoas na sala, elas ficam só ouvindo as metas e propostas dos outros. Não há espaço para debate ou questionamento. Além disso, os países levam metas irreais. Quando um país diz que vai reduzir 40%, por exemplo, não vai. Espertos são os países que levam metas baixinhas.

- E quanto ao objetivo da conferência: reduzir as emissões de CO2?

Não tenho a menor dúvida que as causas não são tão perfeitas como eles pensam. Mas é fato que está havendo um aquecimento: Na cidade de São Paulo, no século passado, tinha 18,6 graus Celsius de temperatura média na área central. Hoje, tem entre 20,8 e 21,2 graus. Se a gente fizer a somatória de todas as cidades em São Paulo, se fizermos as contas do desmate ocorrido no nosso território, veremos que com esses desmates o sol passou a bater diretamente no chão da paisagem. Se esse aquecimento é em função do calor das grandes cidades... O clima urbano deve ser considerado, porque evidentemente esse clima tem certa projeção espacial, em algumas cidades mais em outras menos. Há também que se considerar os efeitos das chamadas Células ou Ilhas de Calor, por que quando eu digo que a temperatura da cidade de São Paulo aumentou nesse século, eu não falo do estado como um todo, nem mesmo da cidade. A temperatura medida na área central é uma, nos Jardins é outra e, lá onde eu moro, perto de Cotia, é outra.

- E os inúmeros alertas para as consequências do aquecimento: O aumento do nível do mar, a desertificação de florestas...

Mas essas observações de que o aquecimento global vai derrubar a Amazônia são terroristas! Há um aquecimento? Sim, seja ele mediano ou vagaroso, mas, quanto mais calor, a tendência, no caso da mata Atlântica e da Amazônia, é que elas cresçam e não que sejam reduzidas.

Parece que essas pessoas, esses terroristas do clima nunca foram para o litoral! A gente que observa o céu vê que as nuvens estão subindo e sendo empurradas para a Serra do Mar, levando mais umidade para dentro do território. Esses cientistas alarmistas não observam nada, não tem interdisciplinaridade. Na média está havendo aquecimento, mas as consequências desse aquecimento não são como eles prevêem. Mas essa é uma realidade não relacionada tão diretamente com a poluição atmosférica do globo e pode sofrer críticas sérias de pessoas com maior capacidade de observação.

- Esse ano nós tivemos um clima problemático... Enchentes sérias em São Paulo, em Santa Catarina...

Esse ano é um ano anômalo, El Niño funcionou por causa do aquecimento do Pacífico equatorial, a umidade veio para leste, bateu na Colômbia, lá houve problemas sérios, inundações. Aqui, essa massa de ar úmida entrou pela Amazônia e outras regiões sul-sudeste e perturbou todo o sistema de massas de ar no Brasil e continua, isso vem desde novembro do ano passado até hoje. Quando o pessoal diz: "Olha, está muito calor, o aquecimento!", eles não sabem as consequências das perturbações climáticas periódicas. E aí entra o problema da periodicidade climáticas, que ninguém fala. Se não falarem disso lá em Copenhague, será uma tristeza para a climatologia. A periodicidade do El Niño é de 12 em 12, 13 em 13, ou 26 em 26 anos. Então quinta-feira (10/12), no jornal, alguém disse: "O último ano que fez tanto calor foi em 1998". Há 11 anos, a medida do El Niño, então esse calor, essas chuvas, é um tempo diferenciado provocado pelo El Niño.

- E o que aconteceu?

O que aconteceu naturalmente? Sem indústria, sem nada: Entre 23 mil e 12 mil anos antes do presente (A.P.), houve um período muito crítico. O planeta passou por um período de glaciação. Devido ao congelamento de águas marinhas nos pólos Norte e Sul, o nível dos oceanos era cerca de 90 metros mais baixo do que o registrado hoje. A partir de 12 mil anos atrás, cessou o clima frio e começou a haver um aquecimento progressivo. Com isso, o nível do mar subiu, ele tinha descido 95 metros.

- Isto, por conta do aquecimento...

Com o aquecimento, as grandes manchas florestais, que haviam se reduzido a refúgios, cresceram. A esse processo, que aconteceu principalmente na costa brasileira, eu dei o nome de "A Réplica do calor" e período foi chamado de Optimum climático. Durante esse Optimum climático o calor foi tão grande que o nível do mar subiu, embocando nas costas mundiais, formando baías, golfos, rías.

- E o que aconteceu depois?
Houve mais chuvas, o que favoreceu a continuidade das florestas. O optimum é uma fase da história climática do mundo que vários cientistas e o próprio IPCC não consideram. Como naquele período nem a mata Atlântica nem a Amazônia desapareceram do mapa, não é certo dizer que até 2100 a Amazônia vai virar cerrado.

- Qual é o principal risco do aquecimento, então?

Conclusão: se está havendo certo nível de aquecimento que é antrópico (relativo à ação do homem), o que irá acontecer é certo degelo - que não é relacionado com as coisas que eles falam lá de supra atmosfera, o homem tem uma pequena parcela nisso. A conclusão que se chega é que haverá impactos nas cidades costeiras. Realmente é perigoso: há aquecimento, há degelo e o mar está subindo.

- Mas esse aquecimento é controlável pelo homem? É possível impedi-lo?

Não é possível. O que é possível é que as cidades costeiras comecem já seus projetos para defender as ruas principais, mais rasas. A redução da emissão de gás carbônico pelo homem vai amenizar um pouco esse processo, mas eles falam nisso sem lembrar a periodicidade. Eu não desprezo o fato que as emissões de CO2 podem influir na climatologia do mundo, mas acho ruim que eles não conhecem dinâmica climática, não sabem nada do que já aconteceu no passado de modo natural e estão facilitando a vida dos que querem aproveitar-se da situação.

- Quem são esses?

Por exemplo, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, que disse recentemente: "Nossa região é uma vítima do aquecimento global, não a vilã". Eles pensam assim: "Já que o aquecimento global vai mesmo destruir a Amazônia, que deixe a floresta para nós". A Kátia Abreu, lá no Senado, diz que agricultura nunca afetou nada o meio ambiente... O problema é o mesmo, na Amazônia a diminuição da mata que permaneceu quase intacta até 1950. Eu estive lá: Era tão difícil estudar lá, de tão ampla que era a mata, biodiversa e densa. E hoje? Vai lá pra ver como está, o desmate da cidade é incrível! Tem uma coisa que eu não gosto de dizer para jornalista... Mas pra você eu vou dizer: todo espaço virou mercadoria! Os arredores da cidade, a especulação, não é produzir coisas economicamente boas para o estado e para o país, não, é deles!

(Terra Magazine, 11/12)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Cutrale, símbolo do agronegócio


O Geógrafo e Professor aponsentado do Departamento de Geografia da USP, Ariovaldo Umbelino, analisa o episódio da ocupação pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) à fazenda "grilada" pela empresa Cutrale que movimentou a mídia nacional nas últimas semanas.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

APRESENTADO PRIMEIRO TCC DO CURSO DE GEOGRAFIA/FAFIDAM



Foi apresentado no LAGEO, nesta terça-feira (29/09), o primeiro TCC do curso de Geografia da FAFIDAM. A acadêmica Maria Losângela apresentou o trabalho de conclusão de curso intitulado: Degradação Ambiental na Micro-Bacia Hidrográfica da Malhada Vermelha em Tabuleiro do Norte./CE. O trablaho orientado pelo professor Sérgio Pinheiro e Érika Brito contou com a presença de diversos alunos e da profa. Daniele Guerra que colaborou com sugestões no trabalho. "Foi um momento histórico para o curso", afirmou o Prof. Humberto Marinho que na ocasião instigou os demais alunos a repetir a persistência, dedicação e altivez da já geógrafa, Losângela. Parabéns!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Professora Luzia Neide Coriolano do NETTUR/UECE recebe prêmio de Pesquisadora do Ano pela ANPTUR


A professora Luzia Neide Coriolano, coordenadora do NETTUR/UECE foi agraciada com o título de pesquisadora do ano pela Asssociação Nacional dos Pesquisadores de Turismo. Eleita por pesquisadores do turismo de todo país, o título representa o reconhecimento da comunidade científica pelo esforço e dedicação da professora e geógrafa na pesquisa do turismo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

MEC DIVULGA RANKING DAS INSTITUIÇÕES NO CEARÁ E SUAS NOTAS DO IGC

Só 1% das universidades obtiveram nota máxima
<> Relatório divulgado ontem pelo Ministério da Educação mostra que de 2.000 instituições de ensino superior do País, apenas 21 conseguiram nota 5 do Índice Geral de Cursos da Instituição (IGC). No Ceará, a melhor nota foi 4, obtida pela UFC e pela Faculdades Cearenses (FaC)
01 Set 2009 - 00h16min
Apenas 21 entre as 2.000 instituições de ensino superior avaliadas em 2008 pelo Ministério da Educação (MEC) obtiveram nota máxima no Índice Geral de Cursos da Instituição (IGC). O indicador, que foi divulgado pela primeira vez no ano passado, atribui notas às faculdades e universidades levando em consideração a qualidade dos cursos de graduação e pós-graduação, tanto públicos como privados. De acordo com a pontuação, as instituições são classificadas em faixas que vão de 1 a 5. Entre as universidades com a maior avaliação, 11 são públicas e dez privadas. A nota mais alta ficou com a Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape), do Rio, que é particular. O Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), que é federal, ficou com o segundo lugar, seguido pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, estadual. Em último lugar no ranking, está a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Maceió (Fama), que é privada. De acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, o IGC foi criado para subsidiar o trabalho das comissões que fazem as avaliações in loco nas instituições. Se a visita confirmar as condições inadequadas da oferta de ensino nas instituições que obtiveram IGC 1 e 2, elas podem sofrer sanções que incluem o descredenciamento. O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernando, disse que as medidas de saneamento só são aplicadas se a visita confirmar o IGC 1 ou 2. “Independente dos aspectos de regulação, o IGC tem uma função fundamental que é orientar o público sobre a qualidade do ensino oferecido em cada instituição”, disse. Do total das instituições avaliadas, 884 (44%) obtiveram IGC 3, considerado razoável. Dezoito instituições ficaram com IGC 1 e 570 com IGC 2, considerados ruins, o que representa quase 30% do universo de entidades avaliadas. Mais de 300 instituições ficaram sem conceito porque não houve participação mínima dos alunos de alguns cursos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). A nota da prova é um dos fatores que compõem o Conceito Preliminar de Curso (CPC), utilizado para o cálculo do IGC. O CPC também leva em conta as chamadas “variáveis de insumo”, que consideram corpo docente, a infraestrutura e o programa pedagógico. (das agências)
RANKING DAS INSTITUIÇÕES NO CEARÁ E SUAS NOTAS DO IGC
UFC 4
Faculdades Cearenses (FaC) 4
Fac. 7 de Setembro (FA7) 3
Fac. Farias Brito (FFB) 3
Fac. Christus 3
Unifor 3
Fac. Integrada do Ceará (FIC) 3
Ifet 3
Fac. Kurios (FAK) 3
Fac. Nordeste (Fanor) 3
Univ. Estadual do Ceará (Uece) 3
Fametro 3
Iesf 3
UVA 3
FGF 3
Urca 3
Fac.
Leão Sampaio (FLS) 3
Inst. Ens. Superior do CE (Iesc) 3
Fac. do Vale do Jaguaribe 3
Fac. de Medicina de Juazeiro do Norte (FMJ) 3
Fac. Evolutivo (Face) 3
Inst. Rainha do Sertão 3
Fac. de Ciências Humanas de Fortaleza 2
Itep 2
Fac. Vale do Salgado (FVS) 2
Centec Cariri 2
Flated 2
Fac. Lourenço Filho (FLF) 2
Fateci 2
Faculdade de Ciências Tecnológicas de Fortaleza 2
Faculdade de Tecnologia do Nordeste 2
Insti. Vale do Salgado (IVS) 1
Instituições que não tiveram nota
Faculdade Ateneu Faculdade Católica do Ceará
Faculdade de Juazeiro do Norte
Faculdade de Milagres Ceará
Centec Sertão Central
Fac. Paraíso do Ceará
Inst. Ceará de Ensino e Cultura
Inst. Centro de Ensino Tecn. Cariri
Inst. Centro de Ensino Tecn. Limoeiro do Norte
Inst. Centro de Ensino Tecn. Sobral
Inst. Superior de Teologia Aplicada
FONTE: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

JORNADA MUNDO RURAL, AGROTÓXICOS E SAÚDE
27 e 28 de agosto em Limoeiro do Norte/CE



terça-feira, 25 de agosto de 2009

Recuperados objetos furtados da UECE


Após 20 dias de investigação, a Polícia Civil conseguiu desarticular uma das quadrilhas que estavam praticando furtos nas dependências do Campus da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Uma pessoa foi presa e seis computadores furtados do laboratório de Física da universidade foram apreendidos. Apenas uma das máquinas recuperadas tem valor estimado em 200 mil dólares.De acordo com a delegada Eline Barbosa, titular do 5º DP (Parangaba), após o ´arrombamento´ do Laboratório de Pesquisa Avançada em Energia Eólica e Biofísica, os policiais começaram a investigação e identificaram três adolescentes e uma criança, de 10 anos, como sendo os autores do furto.Os quatro haviam repassado os objetos furtados para dois homens. Um deles, Humberto da Cunha Viana, 28, foi preso em flagrante com um computador e uma impressora. Os demais equipamentos foram encontrados em outros dois locais, a partir de denúncias feitas por telefone, que chegaram à Polícia Civil. DN 25/08/09

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Carência de 540 professores efetivos nas Universidades estaduais


Levantamento feito pelas universidades estaduais aponta a carência de 540 professores efetivos. Somente na Uece, são 204. O Sinduece participa hoje do Dia Nacional de Luta para reivindicar novas contratações

Viviane Gonçalves vivi@opovo.com.br 14 Ago 2009 - OPOVO


A carência de 540 professores efetivos tem prejudicado as atividades nas universidades estaduais do Ceará. Professores sobrecarregados, projetos de extensão e pesquisas prejudicados, atraso no cronograma e até falta de aula. Para a presidente do Sindicato dos Docentes da Uece (Sinduece), Lia Matos, a situação está insustentável. “O número dos professores efetivos não acompanhou o aumento de cursos e alunos nas universidades. Os professores substitutos estão cobrindo a função de professores que não existem”, denuncia. Segundo o levantamento feito pela reitoria das três universidades estaduais há uma carência de 540 professores efetivos, sendo 204 na Universidade Estadual do Ceará (Uece). Na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) faltam 194 professores efetivos e 142 na Universidade Regional do Cariri (Urca). De acordo com o pró-reitor de Planejamento da Uece, Vladmir Spinelli, os números foram enviados pelos centros e faculdades das três universidades e ainda precisam passar por uma vistoria. “Sabemos que existe a falta de professores efetivos e estamos consolidando os dados”, afirma. A previsão é de que até a próxima semana, todas as carências estejam contabilizadas para serem enviadas ao governador Cid Gomes. Um dos problemas apontados está relacionado à carência inesperada. “Ocorre a perda de professores, mas a reposição não consegue ser feita com a agilidade necessária. A situação se agrava porque ocorre a falta de professores inesperadamente”, avalia. No último levantamento feito pela Uece, entre 2007 e 2009, foram 44 professores aposentados, 13 exonerados, 4 mortos e apenas 28 novas nomeações. “Houve então a redução de 34 professores efetivos”, contabiliza Spinelli. Ele explica que os dados sobre as carências de professores efetivos que será levado ao governador também vai incluir um levantamento parcial sobre a carência futura para o período de 2009/2012. Atraso O universitário Natan dos Santos, 22, diz que a falta de professores já virou rotina e que tem influenciado diretamente no atraso da conclusão do seu curso. Ele lembra que no semestre passado a disciplina de Teorias e Críticas, de Ciências Sociais, foi bastante prejudicada. “Só fui ter aula no meio do semestre quando arranjaram um professor substituto. As aulas eram repostas no sábado e todo mundo acabou sendo sobrecarregado”, conta. Os cursos de Administração, Computação, Serviço Social e Física são apontados pelos estudantes como os mais prejudicados. Segundo o professor Eudes Baima, vice-presidente do Sinduece, a carência está consolidada. “Mesmo que em graus diferentes, todos os cursos são afetados”, diz.

E-MAIS

>Representantes do Sinduece e estudantes também reclamam sobre a falta de estrutura e segurança no campus.

> Hoje, eles vão se juntar a outras sindicâncias no Dia Nacional de Luta. A manifestação é em defesa do emprego, da redução da jornada de trabalho sem redução salarial e a defesa dos direitos dos trabalhadores. > A programação começa às 8 horas, na Praça do Ferreira, segue até a Coelce e termina na Uece, no campus do Itaperi

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Diagnóstico Geoambiental de Fortaleza é lançado


Viviane Gonçalves vivi@opovo.com


A cidade cresceu e a falta de conhecimento sobre o espaço onde vivemos tem provocado sérios impactos ambientais. As áreas próximas aos rios Cocó e Maranguapinho são as mais críticas, por terem baixa capacidade de suporte. Já a região sul, que vai da avenida Washington Soares até o município de Aquiraz, e a região oeste do Centro, nas proximidades da avenida Bezerra de Menezes, são considerados tabuleiros medianamente estáveis. Ou seja, podem receber a expansão, caso esteja atrelada a um programa de infraestrutura. A análise foi feita a partir do Diagnóstico Geoambiental de Fortaleza. O livro foi lançado ontem, no Auditório Castelo Branco, na Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC). O projeto é inédito no Ceará ao considerar todas as condições ambientais da Capital. “É preciso conhecer Fortaleza para melhorar a ocupação do espaço urbano. Os estudos anteriores eram setorizados. Pela primeira vez consideramos todas as condições ambientais, sem subdividi-las”, esclarece Marcos Nogueira, coordenador da equipe técnica. A obra serviu de base para a elaboração do Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor). “Um exemplo de como o diagnóstico se expressa concretamente através do Plano é a ampliação da área de interesse ambiental de Fortaleza, com a demarcação da cidade em uma macrozona urbana e outra ambiental”, destaca o titular da Secretaria Municipal de Planejamento e Orçamento (Sepla), Alfredo Pessoa. Fortaleza foi dividida em seis zonas ambientais para que sejam identificadas todas as áreas ocupadas indiscriminadamente, que precisam ser recuperadas e que devem ser preservadas. “O diagnóstico se propõe a subsidiar o planejamento futuro de expansão urbana, evitando que se ocupem áreas de preservação ambiental”, diz Nogueira. O fluxo intenso de carros na avenida Washington Soares em direção ao município de Aquiraz dá uma pista sobre para qual lado a cidade está crescendo. E não é apenas por causas dos investimentos imobiliários que estão sendo feitos por lá. A área é considerada uma das mais adequadas para a expansão urbana por estar em um ambiente com pouca vulnerabilidade. “A região está localizada em um tabuleiro de ambientes estáveis, sem problemas de ocupação”, aponta o geógrafo Marcos Nogueira. A aposentada Maria da Paz Barbosa, 66, mora há quase 20 anos na região Sul de Fortaleza e acompanhou de perto a ocupação urbana no local. “Quando cheguei era só mato. Não tinha energia, calçamento e transporte público. Em menos de dez anos a situação mudou radicalmente”, analisa. A assistente administrativa Simone Cabral, 25, percebeu a valorização da área e comemora o crescimento nas vendas da loja de móveis. O arquiteto Marcelo Saraiva alerta que além conhecimento prévio sobre o espaço, a expansão deve estar aliada a um programa de infraestrutura. “Se houver um incremento forte na região sem a presença de um saneamento ambiental, a área deixa de ser medianamente estável e passa a ser instável”, diz Saraiva. EMAIS - As ocupações irregulares em dunas, fundos de vales e planícies ribeirinhas, manguezais, áreas lacustres e de inundações sazonais são as mais preocupantes. - Fortaleza está ocupada em um grande tabuleiro, com maior concentração entre os rios Ceará e Cocó. - Tabuleiro é a forma topográfica do terreno que se assemelha a baixos planaltos, terminando geralmente de forma abrupta. - O último inventário ambiental foi realizado em 2003 e verificou apenas os recursos hídricos e a orla marítima de Fortaleza.

SAIBA MAIS

Áreas frágeis - ambientes fortemente instáveis - faixa de praia e terraços marinhos, planícies fluvio-marinhas, dunas móveis e fixas, planícies fluviais e lacustre, áreas de inundação sazonal.

Áreas medianamnete frágeis - ambientes de transição - setores mais abrigados das planícies lacustres e fluviais, dunas fixas, áreas de inundação sazonal.

Áreas medianamente estáveis - ambientes estáveis - tabuleiros pré-litoraneos e faixa de transição de tabuleiros -depressão sertaneja.

Fonte: Diagnóstico Geoambiental do Município de Fortaleza

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Metralhas voltam a pilhar UECE no Campus do Itaperi


Gabriela Meneses - O POVO 04 Ago 2009
Insegurança

Mais um laboratório na Universidade Estadual do Ceará (Uece) é arrombado. É o terceiro caso registrado somente este ano. A pró-reitoria de Administração reconhece a falha na segurança do local e anuncia a instalação de câmeras de vigilância.


O Laboratório de Biofísica do Mestrado em Ciências Físicas Aplicadas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no Campus do Itaperi, amanheceu, ontem, arrombado. Só este ano, dois laboratórios foram invadidos por bandidos na universidade. Os ladrões levaram computadores, impressoras e equipamentos utilizados nas pesquisas, como uma balança de precisão, um par de rádio comunicador e uma caixa de ferramentas. Segundo o coordenador do laboratório, professor Sales Ávila, os prejuízos em dinheiro ainda não foram calculados. Mas, ele aponta o atraso nas pesquisas como um dos maiores danos. Os ladrões levaram ainda, entre os computadores, a CPU do simulador solar do laboratório, equipamento de alto custo que auxilia nas pesquisas sobre energia solar. De acordo com o professor Sales Ávila, os bandidos conseguiram entrar no prédio, provavelmente, por uma pequena janela de vidro, que fica no fim do corredor. Na manhã de ontem, quando os pesquisadores chegaram no local, encontraram a janela sem a grade de proteção e a parede cheia de marcas de pés. Para Sales Ávila, a falta de segurança facilitou a ação dos bandidos. "Aqui não tem segurança nem de dia e nem à noite", denuncia. O laboratório é um dos mais afastados da entrada do campus. O coordenador do Mestrado em Ciências Físicas Aplicadas, Alfredo Serejo, reclama a falta de segurança, principalmente à noite. O pró-reitor de Administração da Uece, Luiz Carlos Dodt, admite que o arrombamento foi facilitado pela falha na segurança do local. "O laboratório era o único lugar no campus que ainda estava sem vigilância", revela. Ele afirmou que a segurança foi reforçada no local. Além disso, policiais do 5º Distrito Policial e do Ronda do Quarteirão reforçam a segurança no entorno do campus. Dodt diz ainda que hoje a universidade deve receber o projeto de implantação de câmeras de vigilância e alarmes na entrada do campus e nos blocos.
E-MAIS
>Dois arrombamentos e um assalto ocorreram na Uece em dois meses. Dia 11 de maio, o laboratório da Faculdade de Veterinária amanheceu arrombado. Os ladrões fugiram levando computadores, câmeras, entre outros objetos.
> No dia seis de julho, um professor foi assaltado dentro da sala de aula, no bloco P, um dos mais distantes da entrada.
> Em nove de julho, o laboratório do curso de Nutrição foi arrombado à tarde. Notebooks, pen drives e CPUs foram levados.

Falta de professores prejudica universitários da FAFIDAM


Apesar de obrigatório, disciplina de Libras deixa de ser ofertada pela falta de profissionais capacitados (Foto: Melquíades Júnior )
Déficit de professores prejudica atividades das instituições de ensino.
Limoeiro do Norte. A um passo da graduação, estudantes da Universidade Estadual do Ceará (Uece) não conseguem concluir a faculdade pela falta de professor de Língua Brasileira de Sinais (Libras), disciplina obrigatória nos cursos de licenciatura desde 2006. Vários alunos já concluíram até a monografia de fim de curso, mas a falta de professor impede a diplomação, o registro profissional e compromete o ingresso no mercado de trabalho dos quase formados. A situação é mais crítica na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), em Limoeiro, a primeira a apresentar a demanda. A Pró-Reitoria de Graduação da Uece, em Fortaleza, reconhece que falta efetivo de 209 professores, para diversos cursos de graduação em todo o Ceará.E quando não é a carência de docentes na área, é a falta de suporte que obriga os profissionais de Fortaleza a se negarem a ensinar no Interior. Com um baixo salário e tendo que arcar com as despesas de transporte, alimentação e hospedagem, professores sentem-se desestimulados a migrar para o Interior para lecionar apenas uma disciplina. Esse seria um dos motivos pelos quais a Fafidam ainda reclama um professor de Libras. “Faz muito tempo que estamos pedindo uma solução à Uece, até já acionamos o Ministério Público. Estou no 11º semestre, fiz a monografia, já atuo como professora e não tenho minha carteira assinada porque não tenho diploma”, afirma a concludente de Letras Ilnar Maia.A grade curricular de 2006 da Uece atende determinação do Ministério da Educação, que por meio do decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, inseriu a Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas de todo o País. O problema é que o Ceará carece de profissionais para ensinar Libras nas universidades – somente em 2006 o Brasil teve o primeiro curso de licenciatura em Letras, criado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da qual é parceira a Universidade Federal do Ceará (UFC), que ministra o curso na modalidade à distância.A estudante de Letras Eridene Bezerra, de 24 anos, cursou tudo, menos a disciplina de Libras. “Fizeram-nos mudar da grade curricular antiga para a nova, de 2006, que já incluía Libras, mas não estamos conseguindo terminar. Foi oferecida a disciplina, mas não havia professor e estamos emperrados na burocracia”, reclama. A coordenação do curso de Letras acionou a Pró-Reitoria de Graduação da Uece, em Fortaleza. De acordo com o coordenador Lailton Duarte, a direção e a coordenação do curso em Limoeiro já fizeram o pedido. “Agora depende de lá”, referindo-se à reitoria em Fortaleza.DeficiênciasA falta de professores para a disciplina de Libras é somente um dos vários capítulos enfrentados pelos estudantes da Uece, que nos últimos anos passaram por quatro greves e ainda sofrem o dilema de poucas disciplinas ofertadas por semestre, devido à falta de docentes. De acordo com o coordenador do curso de Letras da Fafidam, Lailton Duarte, 27 disciplinas deixaram de ser ofertadas no último semestre porque faltam professores. Outra situação foi a mudança de grade, que separou Letras com habilitação em Inglês ou Português. A estudante Wanna Carla, que enviou a sugestão de pauta para o Alô Redação, do Diário do Nordeste, perdeu todas as cadeiras de inglês cursadas ao ter que optar, no meio do caminho, entre uma das habilitações.A pró-reitora Lineuda da Costa reconheceu o problema. “Estamos aguardando a reedição do edital de seleção para professores substitutos (publicado inicialmente em maio), pois não teve candidatos interessados para Limoeiro do Norte (Fafidam), Crateús (FAEC) e Tauá (Cecitec). Mas já tem dois aprovados , um para Iguatu e o selecionado para Quixadá, que não será lotado no momento, estamos tentando transferir para Limoeiro do Norte no próximo semestre letivo”.

Melquíades Júnior Colaborador do Regional DN.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

ESTUDANTES PRESSIONAM GOVERNADOR POR MELHORIAS NA UECE.


O governador Cid Gomes participou nesta sexta-feira (03/07) da inauguração da nova biblioteca do campus do Itaperi. Na ocasião, servidores, professores e um grande número de alunos fizeram o governador quebrar o protocolo e comparecer a um debate no auditório central. Durante o debate, os alunos exigiram do governador providências para a falta de professores, bem como servidores técnico-administrativos, além de melhoria da infra-estrutura física e educacional da universidade. Cid reafirmou seu compromisso com a melhoria do ensino superior no Estado e garantiu a compra de seis novos ônibus para transporte de alunos. Sobre o Restaurante Universitário (RU) informou que será inaugurado em outubro deste ano, junto com o novo Hospital Veterinário. Quanto a falta de professores, Cid ressaltou que a Universidade está autorizada a substituir com professores efetivos todas as vagas de professores abertas.
Parabéns aos estudantes que conseguiram se mobilizar e cobrar a garantia do pleno funcionamento da Universidade pública. Parabéns também ao Governador que não se furtou ao debate, falha comum em seus antecesores.

terça-feira, 23 de junho de 2009

LANÇAMENTO


Lançamento: Arranjos produtivos Locais do Turismo Comunitário: Atores e Cenários em Mudança.
Autores: Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano, Fábio Perdigão, Ana Matos, Humberto Marinho de Almeida e outros
Descrição: O livro apresenta resultado da investigação desenvolvida por pesquisadores do NETTUR/UECE, que buscaram compreender as políticas alternativas de turismo, investigando atividades econômicas, práticas políticas e valores culturais defendidos por comunidades que desenvolvem o turismo comunitário.
DIA 28/07/09 Horário: 19h30
ESPAÇO OBOÉ - Shopping Center Um lj 207

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Edgar Morin fal sobre violência, educação e complexidade


Para o filosófo Edgar Morin, "não podemos reduzir uma pessoa a seu ato mais negativo. O filósofo Hegel disse: se uma pessoa é um criminoso, reduzir todas as demais características de sua personalidade ao crime é fácil. Entender, não reduzir a uma característica má uma pessoa que tem outras característica, isso é a complexidade. Uma pessoa humana tem várias características, é boa, má e muito mais. Devemos entender que a palavra latina complexus significa tecido. Em geral, o nosso modo de conhecer que vem da escola nos ensina a separar as coisas, e não religá-las. A complexidade significa religar. Por exemplo: um evento, um acontecimento, uma informação. Quando chega uma informação sobre o que ocorre no Irã, por exemplo, devemos entender o contexto político, histórico, social. A complexidade busca favorecer uma compreensão maior que a compreensão que vem de se isolar a coisas, colocar o contexto, todos os contextos em uma situação".

domingo, 21 de junho de 2009

Aluno da UECE / FAFIDAM é o mais novo membro da Academia Limoeirense de Letras


O estudante José Silvestre da Costa Régis do curso de Letras da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), é o mais novo membro da Academia Limoeirense de Letras (ALL). Segundo o vice-coordenador do curso de Letras da FAFIDAM, prof. Júlio César, além do aluno José Silvestre, o prof. José Társio Pinheiro, desse mesmo curso, é também imortal da ALL, o que é motivo de orgulho para a comunidade acadêmica da UECE / FAFIDAM.
A Academia Limoeirense de Letras, no município de Limoeiro do Norte, a 203 km de Fortaleza, foi fundada no dia 16 de março de 2001. Desde que foi criada, ocupa o antigo casarão da família de José Osterne, construído em 1892, localizado na rua Cônego Bessa n° 1, em frente à praça da Igreja Matriz de Limoeiro. A ALL conta com 40 membros titulares, entre escritores, poetas, professores e demais segmentos da intelectualidade de Limoeiro do Norte

quarta-feira, 17 de junho de 2009

País é o que mais desperdiça aula com bronca


Docentes de escolas no Brasil gastam 18% do tempo das classes para manter disciplina; pesquisa abrangeu 23 países Antônio Gois escreve para a “Folha de SP”:Os professores brasileiros são os que mais desperdiçam com outras atividades o tempo que deveria ser dedicado ao ensino. No período em que deveriam estar dando aula, eles cumprem tarefas administrativas (como lista de chamada e reuniões) ou tentam manter a disciplina em sala de aula (em consequência do mau comportamento dos alunos).A conclusão é de um dos mais detalhados estudos comparativos sobre as condições de trabalho de professores de 5ª a 8ª séries de 23 países, divulgado ontem pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A pesquisa foi feita em 2007 e 2008.O resultado não surpreendeu Roberto de Leão, presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação. "Não li a pesquisa, mas é fato que muito do tempo do professor é roubado por tarefas que não deveriam ser dele. Ele precisa muitas vezes fazer a função de psicólogo, pai ou assistente social, já que todos os problemas sociais acabam convergindo para a escola."Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do movimento Todos Pela Educação, conta que, quando foi secretário de Educação em Pernambuco, vivenciou isso na prática."Fizemos uma pesquisa com o Banco Mundial que mostrou que boa parte do tempo do professor era para resolver questões que deveriam ser de responsabilidade de outros profissionais. Mas também detectamos que se perdia tempo com o professor falando de outros assuntos, em vez de tratar do conteúdo daquela disciplina."O relatório da OCDE mostra que a maioria (71%, maior percentual registrado) dos professores brasileiros começou a dar aulas sem ter passado por um processo de adaptação ou monitoria. A média dos países nesse quesito é de 25%.Os brasileiros também são dos que mais afirmam (84%) que gostariam de participar de cursos de desenvolvimento profissional. Esse percentual só é maior no México (85%).As informações foram colhidas em questionários respondidos por diretores e professores de escolas (públicas e privadas) selecionadas por amostra. No Brasil, 5.687 professores responderam ao questionário, aplicado em 2007 e 2008.Leão e Ramos concordam com o diagnóstico de que poucos professores passam por um processo de adaptação."Muitas vezes, o secretário tem que preencher logo as vagas após um concurso para não deixar alunos sem aula. É como trocar o pneu do carro em movimento, quando o ideal seria ter um tempo para preparar melhor o profissional que começará a dar aulas", diz Ramos.Esse problema se agrava com a constatação na pesquisa de que os professores brasileiros trabalham com turmas com número de alunos (32) acima da média (24). Apenas no México, na Malásia e na Coreia do Sul essa relação é maior.Eles também têm menos experiência em sala de aula do que a média -só 19% dão aula há mais de 20 anos; a média de todas as nações comparadas é 36%. Estão abaixo da média (89,6%) ainda no nível de satisfação com o trabalho: 84,7%, o quarto menor índice.DiretoresA pesquisa investigou a visão dos diretores sobre problemas que afetam o aprendizado. O Brasil fica acima da média em questões como absenteísmo de docentes, atrasos e falta de formação pedagógica adequada.Também foram listados problemas relacionados a alunos, como vandalismo, agressões ou trapaças no momento da prova. A indisciplina se mostrou um problema mundial. Na média dos países, 60% dos diretores afirmaram ter, em alguma medida, distúrbios em sala de aula provocados pelo problema. O México tem o maior percentual (72%); o Brasil tem exatamente o índice da média.Diretores brasileiros foram dos que mais relataram ter pouca ou nenhuma autonomia para contratar, demitir ou promover professores por seu desempenho em sala de aula. No Brasil, só 27% disseram que podem escolher os professores. A média dos países é de 68%.(Folha de SP, 17/6)

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Desertificação


Carlos Minc - Geógrafo e Ministro do Meio Ambiente


Apesar de significar um problema socioeconômico e ambiental de escala global, capaz de provocar impactos em aproximadamente dois bilhões de pessoas em todas as regiões do planeta, a desertificação é um tema que não tem recebido a devida atenção por parte dos Estados Nacionais e das instituições de cooperação internacional. Os esforços pela implantação de políticas nas regiões afetadas pela desertificação têm se mostrado débeis e desfocados das realidades dos países, principalmente na África. Em grande medida, porque a questão não conseguiu sensibilizar os países ricos e, consequentemente, as instituições financeiras quanto à gravidade do problema. A ausência de apoio internacional tem levado as nações a voltarem suas atenções para os temas onde há mais financiamento, o que deixou a desertificação num plano secundário nas agendas nacionais. No Brasil, o tema foi levantado já em 1949 pelo agrônomo José Guimarães Duque, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), em seu livro “Solos e Água no Polígono das Secas”. Naquela época, Duque já alertava sobre a ocorrência do problema em algumas partes do Nordeste semiárido e chamava a atenção para a necessidade do uso racional dos recursos naturais, com vistas a preservar a sua produtividade para as futuras gerações. “O desnudamento do solo não conduzirá o polígono a um deserto físico como o Saara, porém provocará os extremos metereológicos, a insolação aumentada, o calor excessivo, o ressecamento intenso e a erosão eólica que produzem cheias mais impetuosas, secas mais violentas e fazem minguar as fontes de produção, o que diminui a habitabilidade e o conforto, resultando , enfim, no deserto econômico” (Guimarães Duque, 1949). No entanto, as recomendações de Duque não foram incorporadas às políticas públicas brasileiras e acabaram esquecidas. Entretanto, o atual quadro das mudanças climáticas impele os países, assim como os órgãos internacionais de apoio ao desenvolvimento, a uma nova postura frente aos desafios ambientais e ao desenvolvimento das regiões secas do globo. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), os impactos das mudanças climáticas serão mais pronunciados nas regiões áridas e semiáridas do planeta. Estes locais estão sujeitos ao aumento da escassez de água e à frequência e intensidade de secas e desastres naturais. Para a América Latina, o IPCC prevê um aumento na temperatura média anual entre 2° e 6° C. A tendência é que, até 2050, a desertificação e a salinização afetarão 50 das terras agrícolas do continente. A “II Conferência Internacional : Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas”,representada pela sigla ICID+18, é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Governo do Ceará que resulta da estratégia de incluir as questões referentes às regiões secas nas discussões sobre o desenvolvimento global, de forma a fazer frente ao tratamento secundário dispensado a esses locais pelas instituições internacionais de apoio ao desenvolvimento. Pretende-se promover uma ampla divulgação e disseminação dos resultados da ICID+18, de forma que as regiões secas do planeta venham a ter um tratamento adequado nos fóruns internacionais, mais precisamente no âmbito da RIO+20. É imperativo levar em consideração o fato de que a situação vem se agravando em razão das terras secas concentrarem os grandes problemas de pobreza no mundo, os quais, associados a uma base frágil de recursos naturais e à pressão antrópica, têm intensificado os processos de desertificação. Este quadro leva a disputas pela terra e pela água, ocasionando ainda mais conflitos e migrações e acentuando a pobreza de grande parte da África, da Ásia e da América Latina. [OPOVO 16/06/2009]

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Com a palavra, a universidade, artigo de Gabriel Cohn


“Para muitos, ela ainda é um ente distante que não atende às necessidades sociais” Gabriel Cohn é professor aposentado da USP e ex-diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH. Artigo publicado no “Estado de SP”:- "Uma universidade cujo fundador lhe dá as costas não poderia mesmo dar certo." O comentário bem-humorado é alusão ao monumento que o visitante da Cidade Universitária em São Paulo encontra logo na entrada, como a saudá-lo. Trata-se da figura de Armando de Salles Oliveira, que empresta seu nome, como fundador, ao campus principal da USP.É claro que o autor da frase (o historiador Carlos Guilherme Mota) seria o primeiro a reconhecer que a USP deu muito certo, assim como tantas outras universidades no País, em especial no sistema público. Em princípio, é simpático que o fundador da USP esteja voltado para a sociedade com ar acolhedor e não de costas para ela, fitando seu território acadêmico com olhar severo.Entretanto, a ambiguidade permanece. Até porque ambos os lados se queixam de falta de consideração pelo outro. A questão sobre quem dá as costas para quem vale como mote para a reflexão sobre as relações da universidade em geral (não só esta ou aquela) e a sociedade.Nos últimos tempos os meios de comunicação vêm dedicando atenção a problemas no funcionamento de instituições políticas, em especial no Legislativo federal. Ao mesmo tempo, situações críticas internas na universidade ocupam o noticiário em São Paulo. É como se estivéssemos diante de duas instituições particularmente vulneráveis a desmandos, cada qual a seu modo.Com relação à universidade, isso com frequência se traduz em duas questões. Por que ela tem tanta dificuldade para resolver problemas internos relativamente simples? Por que ela, que reúne parcela importante da inteligência, se pronuncia tão pouco sobre as grandes questões nacionais? Em suma: por que ela é tão pouco eficiente quando se volta para si própria e ao mesmo tempo é tão indiferente ao que se passa lá fora, na sociedade mais ampla? Na realidade, a universidade não está, de modo algum, de costas para a sociedade ou indiferente a ela. Mas é certamente verdade que ela se descuida da comunicação com o mundo a seu redor. Em consequência disso, pouco faz para demonstrar ao cidadão comum o modo peculiar e inteiramente legítimo pelo qual se faz presente na sociedade à qual pertence. Cabe lembrar que é justamente esse cidadão comum que contribui para sustentar a universidade, com pagamentos diretos pelos serviços quando ela é privada e mediante impostos quando é pública. No caso das universidades públicas estaduais como as paulistas, é verdade que cada cidadão contribui. Mas o faz de modo que oculta e de certo modo perverte a natureza da sua contribuição. Se essa ocorresse mediante alguma forma direta de taxação (de preferência vinculada à renda, coisa difícil no âmbito estadual), poderia criar-se uma clara percepção do montante e do significado dessa contribuição. Quando, no entanto, ela se faz indiretamente, mediante parcela de imposto embutido no preço das mercadorias, todos participam sem saber como nem por quê. Isso gera afastamento entre a universidade e a cidadania.A universidade pública e gratuita corre o risco de ser vista quer como favor, quer como encargo do qual se preferiria escapar. O que não ocorre, para grande perda de todos, é o desenvolvimento no interior da sociedade de uma concepção propriamente pública da universidade como algo valioso, do qual faz pleno sentido participar, ainda que sem benefícios diretos. Voltemos, entretanto, a esse teatro de sombras em que se movem a universidade e a sociedade. Tudo indica que as expectativas recíprocas estão mal calibradas. Como cada lado tende a entender mal seu interlocutor (até porque não lhe é externo: ambos estão entrelaçados), acaba por também não conseguir clareza com relação ao que cabe a si próprio na relação.A universidade desenvolve surtos periódicos de autoflagelação, na qual se acusa em dose dupla daquilo que seus adversários lhe atribuem: incapacidade de responder às necessidades sociais mais prementes, impermeabilidade, elitismo. Para amplos setores da sociedade, por sua vez, a universidade é um ente distante e abstrato, do qual não se sabe bem o que esperar ou exigir (exceto, talvez, a multiplicação de cursos e vagas estudantis).Somente um esforço conjunto pode conduzir à superação desse estado de coisas. Há ideias interessantes a respeito. Uma delas propõe que todo trabalho de pesquisa desenvolvido na universidade pública ou com apoio público (como a Fapesp) que se traduza em texto tipo tese deve gerar uma versão sintética, amplamente acessível e difundida para além do âmbito acadêmico. Nela, se esclareceria o tema, sua importância e para o que servem os resultados. É claro que este último item deve ser entendido de maneira ampla, para acomodar desde trabalhos tecnológicos até a contribuição ao conhecimento puro, que constitui precisamente a área na qual a universidade é imbatível e imprescindível.Para se ter ideia da escala em que um programa desse tipo operaria, tomo como exemplo a produção desse tipo em uma única escola da USP: a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. (O exemplo é bom também para mostrar que, ao contrário do preconceito, se trabalha muito nessa área.) Em 2008 essa escola, sozinha, produziu um total de 585 teses e dissertações (mais de 10 por semana). Este ano, já produziu um total de 253. Medidas como essa não seriam meros paliativos, muito menos ações de relações públicas. Elas permitiriam à sociedade mais ampla avaliar os rumos da pesquisa e da formação acadêmicas. Talvez servissem também para mobilizar o amplo contingente de ex-alunos ainda reticentes ao empenho voluntário em prol da instituição que os formou. Talvez, também, a universidade como um todo aperfeiçoasse os procedimentos para trazer de volta a ela a experiência adquirida pelos seus ex-alunos na vida profissional. Neste ponto, aliás, não me refiro apenas às histórias de sucesso, como também aos malogros para os quais deficiências na formação tenham contribuído. E quanto às dificuldades internas? Em poucas palavras, trata-se do seguinte. Pela sua própria natureza, a universidade absorve, indiscriminadamente e em ritmo que não lhe é próprio, tendências e dilemas da sociedade. Ela internaliza tensões externas e as soma aos seus descompassos internos. Isso gera um complexo de problemas que ela não está equipada para resolver.(Por exemplo, como uma instituição que tem no seu cerne a valorização do debate racional e livre lida com o conflito aberto e com a violência?) No caso limite, corre o risco de ficar à mercê de versões internas de conflitos externos, em crises agudas, mas sem substância para ela, que a expõem à sociedade pelo seu lado mais frágil e vulnerável e oculta o muito que tem de bom. Cabe à universidade explicar à sociedade o que legitimamente lhe cabe fazer para justificar o papel reservado a ela. Isso envolve um aprendizado mútuo, no qual a sociedade aprende a cobrar da universidade aquilo que só ela sabe fazer bem (a pesquisa de ponta e a boa formação) e esta aprende a exercer sua indispensável autonomia com plena abertura para seu entorno social. (O Estado de SP, 14/6)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

GARAPA e o Holocausto cearense


A sensação que se tem ao assistir o filme de José Padilha (Tropa de Elite; Ônibus 174), em cartaz desde maio, é dilacerante e no mínimo desconfortável. O Ceará visto em Preto & Branco é bem menos glamoroso e colorido que aquele vendido como sede da Copa de 2014. "Tenho 28 anos e nunca almocei, merendei e jantei num mesmo dia", revela um dos protagonistas de Padilha. O cotidiano das três famílias cearenses é acompanhado por um espectador angustiado que, assim como Josué de Castro, se revolta com tamanha falta de dignidade humana. A garapa de açúcar que compõe a dieta da pindaíba das diversas crianças no filme, longe de adoçar o que assistimos, duplica nossa sensação de impotência e indignação. Se o totalitarismo alemão exterminava em campos de concentração, hoje, condenamos as claras, milhões de homens, mulheres e crianças a morrerem lentamente de subnutrição. A negação de direitos fundamenais e o alcance limitado das políticas de segurança alimentar desvelam o ciclo de miséria difícil de se romper sem uma ação sistemática do poder público e da sociedade. Um filme que merece ser vsto por todos, sobretudo, nós cerenses. (Humberto Marinho)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Cai taxa de formação de doutores no país


Crescimento no número de titulados era de 15% ao ano em média no início da década e baixou para 6% de 2004 em diante. Só 24% dos professores das instituições de ensino superior possuem título; no ano passado, foram formados 10.711 doutores Eduardo Geraque escreve para a “Folha de SP”:A letra do zoólogo Paulo Vanzolini ilustra bem a situação do sistema de pós-graduação nacional: "De um lado tem maré alta, do outro praia de fora." O país rompeu a barreira simbólica da formação de 10 mil doutores em 2008. Segundo número ainda não divulgado pelo governo, 10.711 receberam o título. Porém, a taxa de aumento de titulados, que era de 15% em média ao ano no início da década, caiu para 6% de 2004 em diante - com uma tendência de alta no último ano.Dados mostram que a carência do setor acadêmico no Brasil continua enorme. De todas as instituições de ensino superior do país, entre particulares e públicas, só 24% dos professores são doutores.E há três anos, pelo menos, a taxa relativa mostra que o Brasil ainda está longe de alcançar o número de formação dos americanos. O resultado da divisão do número de titulados nos EUA pela quantidade anual de doutores brasileiros - um dos indicadores mais usados pelos estudiosos - está estagnado em 21%."É bastante preocupante", afirma Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP). O fato de o intervalo entre os dois países não diminuir, para o pesquisador e dirigente científico, impede que o Brasil se aproxime das estatísticas de países mais desenvolvidos.Apesar de considerar que as taxas de formação de doutores, mesmo em queda, estão altas, Eduardo Viotti, economista especialista em política científica, concorda que o número de professores universitários que possuem título de doutorado ainda é muito reduzido e precisa ser elevado. Ele é um dos autores de um estudo sobre ensino superior publicado pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) em 2008.O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, vê o quadro com mais naturalidade e com menos preocupação. "Não é possível que um sistema de pós-graduação cresça tanto por um tempo muito longo", disse ele à Folha.O Plano Nacional de Pós-Graduação do Brasil prevê para o fim do próximo ano a cifra de 16 mil doutores em um ano - número que dificilmente será atingido. Mas o titular do MCT sabe onde está um dos gargalos: a inovação brasileira, no setor privado, ainda não ocorre na velocidade desejada.FederaisMesmo com as particulares fora da conta, o número de doutores entre os professores do terceiro grau é baixo. Quando são analisadas apenas as universidades federais, por exemplo, a cifra é de 50%.Das 55 universidades federais que o Brasil tem hoje, 9 (16,3%) não poderiam ter mais esse nome se a discussão da reforma universitária, estagnada no Congresso há anos, já tivesse sido encerrada. Pelo Projeto de Lei, cada instituição deve ter pelo menos 25% de doutores no quadro de docentes para ser denominada "universidade".Em São Paulo, onde existem ilhas de excelência, a taxa média nas três universidades estaduais é de 93%. Nos EUA, que possui universidades mais voltadas para a pesquisa e outras focadas quase exclusivamente no ensino, as mesmas taxas ficam ao redor dos 73%.Jarbas Bonetti, professor e pesquisador na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), diz que a menor busca dos alunos por doutorado pode ter a ver com a maior dificuldade para a obtenção de bolsas e falta de perspectiva de emprego após conseguir o título.Já Adalberto Vieyra, coordenador de área da Capes e professor da UFRJ, diz que os programas de pós-graduação cresceram em número e tamanho, especialmente a partir de 2003. "Mas o corpo de orientadores qualificados, de formação demorada e cuidadosa, cresceu de forma muito lenta, passando de 32 mil para 35 mil."Segundo ele, o desafio não é só superar o fosso dos 0,6 doutores por 1.000 habitantes contra os 30 da Alemanha, por exemplo. "É preciso formar pessoas capazes de liderar a abordagem de complexos problemas nas fronteiras do conhecimento, no mesmo nível que nos países desenvolvidos."Para o consultor e ex-reitor da USP, Roberto Leal Lobo e Silva Filho, é importante aumentar a incorporação de doutores tanto na iniciativa privada, para a inovação, quanto no setor acadêmico.(Folha de SP, 8/6)

Formação de professor deve mudar para melhorar qualidade do ensino


Em debate nesta segunda-feira, Fernando Haddad e Paulo Renato Souza defendem políticas para a Educação Dois dos maiores nomes da educação brasileira dos últimos 15 anos, o atual ministro Fernando Haddad e o ex-ocupante da pasta e hoje secretário estadual Paulo Renato Souza acreditam que os cursos de formação de professores precisam mudar para que o ensino no país melhore. Eles participaram nesta segunda-feira de um debate sobre o tema, promovido pelo Grupo Estado.Haddad e Paulo Renato, no entanto, mostraram visões diferentes de como as mudanças podem ocorrer. "O Estado tem de assumir mais as prerrogativas de formação. As universidades estaduais e federais podem e devem formar mais e melhores professores", disse o ministro. Ele defendeu a reformulação dos currículos de cursos de Pedagogia e Licenciatura. Já Paulo Renato se disse mais cético quanto à possibilidade de promover tais reformas. Para o secretário da Educação de São Paulo, cursos de aprimoramento oferecidos depois da formação universitária podem ajudar a melhorar a preparação do professor. O Estado criou no mês passado a Escola de Formação de Professores, que vai oferecer cursos durante quatro meses para docentes aprovados em concursos. "A questão central é que os cursos para formar professores não dão um instrumental adequado para trabalho em sala de aula", diz Paulo Renato. Cerca de 250 pessoas - várias delas docentes - participaram do evento, que esgotou a capacidade do auditório. Elas se inscreveram pela internet e puderam fazer perguntas por escrito aos dois convidados. O vídeo com a íntegra do debate já está disponível na TV Estadão, no portal http://www.estadao.com.br.Na opinião do ministro, a formação dos docentes será o "cerne da educação brasileira na próxima década". "O tema constitui o maior desafio para a melhoria da qualidade da educação do nosso País", concordou Paulo Renato. Ministro e secretário também disseram que o aumento da quantidade de professores com curso superior no país não ajudou a melhorar a qualidade do ensino. Dados do primeiro censo completo do professor, divulgado no mês passado, mostram que 70% do 1,8 milhão de docentes da educação básica têm formação universitária."As faculdades de educação têm uma tradição de formar especialistas, se discute bastante teoria e história da educação, mas os conteúdos das disciplinas não são visto", afirmou o secretário. Para Paulo Renato, é "muito difícil" mudar essa vocação das instituições.Algo semelhante foi tentado em sua gestão no Ministério da Educação (1995-2002). A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) previa que fossem criados institutos superiores de educação apenas para formar professores, tirando essa atribuição das faculdades de Pedagogia e Licenciatura. "Foi uma questão muito debatida entre ministério e academia. Confesso que fui derrotado na minha tentativa de que esse modelo vingasse e acabamos aprovando uma resolução que deixou a questão em aberto." O ministro da Educação acredita que uma das maneiras de influenciar mudanças nos currículos seria a criação de uma prova nacional de admissão de professores, que já está sendo estudada no MEC. O exame cobraria didáticas e conteúdos considerados essenciais pelo governo federal que, como consequência, teriam de ser trabalhados nos cursos. "O Brasil responde muito bem à indução." O MEC também criou recentemente institutos federais que têm a obrigatoriedade de oferecer cursos para professores nas áreas de física, química, matemática e biologia. Além da má formação, o País enfrenta atualmente um déficit aproximado de 200 mil profissionais, principalmente nessas quatro áreas. SaláriosA falta de incentivos para a carreira de professores, principalmente financeiros, também foi discutida no debate. O ministro Fernando Haddad apresentou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) que comparam os salários dos professores ao restante dos profissionais do País com formação universitária. Em 2003, os profissionais com curso superior completo ou incompleto ganhavam 86% a mais que docentes brasileiros. Em 2007, essa diferença caiu para 61%. A média salarial dos professores é de R$ 1,3 mil. A comparação não levou em conta o novo piso salarial de professores no País. "Se mantivermos esse passo, em algum lugar no tempo entre 2014 e 2015 esses valores estarão equiparados", acredita. "A carreira do professor não pode estar em desvantagem em relação às demais. Vamos perder jovens vocacionados por causa de uma questão econômica."Respondendo a uma pergunta da plateia que mencionou que os cursos de formação de professores teriam "limitações intransponíveis", o ministro se disse otimista com relação a mudanças. "Os cursos de Pedagogia têm limitações transponíveis. Eu encaro com otimismo que as universidades vão se adequar a uma nova filosofia."Haddad e Paulo Renato divergem sobre bônusEm um debate marcado pelo tom cavalheiresco e pela confluência de opiniões sobre a educação brasileira, uma das poucas divergências disse respeito ao pagamento de bônus aos professores da rede pública paulista.Para o secretário estadual da Educação, Paulo Renato Souza, o programa segue uma tendência internacional e representa hoje a experiência mais ambiciosa nessa área no mundo. O ministro Fernando Haddad considerou injusto o pagamento com base no desempenho dos alunos, o que, na sua opinião, não retrata o comprometimento da escola com a melhoria do ensino.Paulo Renato disse que, em um universo de 223 mil professores e funcionários habilitados ao bônus em São Paulo, 195 mil receberam o benefício, entre eles 158 mil docentes.O secretário mencionou discurso feito em março pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em que ele falou da necessidade de parlamentares democratas deixarem de lado a resistência à remuneração de funcionários por desempenho, "o que sempre foi tratado como um tabu, especialmente pelos sindicatos". Mas admitiu que o programa precisa ser aperfeiçoado. Citou o caso de várias escolas consideradas as melhores da rede, que não alcançaram metas fixadas pela secretaria. O pagamento do bônus a servidores dessas unidades só foi decidido de última hora, não constava da proposta original. "É preciso reconhecer que as escolas boas puxam a média para cima.""Há escolas que não conseguem atingir as metas por questões alheias à sua vontade, o entorno prejudica mais o desempenho da escola que o que acontece dentro", rebateu Haddad. Ele falou do Plano de Desenvolvimento da Educação, que estabeleceu metas e premia unidades que as atingem com um reforço orçamentário. "As que não cumprem metas não são ‘punidas’ com o não recebimento do recurso, só que o repasse não é automático, a escola tem de apresentar um plano de trabalho."Metas adequadasHaddad rebateu críticas de que as metas do plano são muito baixas. Disse que, se elas forem cumpridas, em 15 anos o Brasil alcançará a média dos países desenvolvidos. "O contrário é que deve preocupar. Será que 15 anos é tempo suficiente para que nós alcancemos um patamar de desenvolvimento educacional que outros países levaram cem anos para atingir?" Paulo Renato concordou com o ministro. "O mais importante é que temos metas e as estamos perseguindo."Curso a distânciaA questão foi colocada num e-mail enviado ao moderador do debate pela ex-secretária da Educação Maria Lúcia Vasconcelos. Ela questionou se os cursos a distância não implicariam uma formação "ligeira". Haddad lembrou que, a rigor, não existem cursos a distância stricto sensu no País, porque a legislação, ao contrário da de outros países, exige uma carga horária presencial mínima."Conheço muitos cursos bons semipresenciais e muitos cursos ruins presenciais." Mesmo assim, o ministro disse que prefere cursos presenciais, porque o ambiente universitário permite uma formação mais ampla. Haddad afirmou que o ensino a distância pode ser um instrumento para a formação de "professores em serviço que estão muito distantes dos grandes centros".Paulo Renato concordou que o meio, nesse caso, é secundário. Citou a Open University, maior centro de formação de professores da Inglaterra, que, antes da internet, usava o correio como mídia."Em outros países com resultados bastante melhores que o nossos em matéria de aprendizagem dos alunos, a questão da formação de professores está muito centrada na prática, em estágios nas escolas, em que nos primeiros anos em que o professor é admitido na rede ele é supervisionado em seu trabalho diário", disse. "Esse para mim é um ponto mais importante do que simplesmente discutir se será presencial ou a distância."Atratividade da carreiraHaddad ressaltou a necessidade de "capilarizar mais a nossa rede de oferta de cursos de licenciatura." Ele destacou a criação de 38 institutos federais, antigos Cefets, centros de ensino técnico que têm de dedicar 20% do orçamento a quatro licenciaturas: física, química, biologia e matemática. "Esses cursos estarão em mais de 300 cidades", afirmou. "Aquela ideia de levar o jovem para a capital, formá-lo lá e imaginar que ele regressa ao município para dar aula tem de ser substituída por uma visão de que é a rede que tem de ir até o jovem e oferecer condições para que ele possa se formar com qualidade."Escola de formaçãoRecém-criada, a escola de formação de professores de São Paulo dará cursos de quatro meses a candidatos aprovados em concurso público. A aprovação nesse curso será obrigatória para o ingresso na carreira. Paulo Renato abordou o tema a partir da um questionamento da plateia: o concurso, por si só, não é já o fator de seleção?"Esse curso de quatro meses será parte do concurso", argumentou, afirmando que o objetivo da escola é focar na "prática da sala de aula, tanto na questão dos conteúdos como na didática específica de cada disciplina". O secretário disse que essa forma de dupla seleção, por concurso e escola de formação, já é adotada em várias carreiras públicas, como as do Itamaraty. Pelo raciocínio de Paulo Renato, o concurso avalia de o professor tem formação adequada e o curso o prepara para a realidade das salas de aula da rede. "É uma preparação muito mais prática do que teórica."Eleições e educação"A temperatura vai aumentar e é natural que isso seja assim", afirmou Haddad. Ele disse que os prováveis candidatos à sucessão presidencial têm "grande maturidade política, sabem as dificuldades de estabelecer um sistema de ensino de qualidade". Haddad disse que o país tem sido, de certa forma, ambicioso nas suas metas para a educação."Ainda somos um país de renda per capita intermediária, estamos tentando nos aproximar de países com quatro, cinco vezes a nossa renda per capita", afirmou. "Todos os candidatos saberão abordar adequadamente o tema, que é complexo, exige políticas de Estado, perseverança e se, em algum momento, alguém sair do script previsto, não faltarão assessores para reorientar o bom curso da discussão."Paulo Renato comentou que no governo Luiz Inácio Lula da Silva, depois de tentativas de mudanças mais radicais, houve a confluência para uma política coerente "com o que se fazia" na gestão Fernando Henrique Cardoso. Ele destacou a importância de movimentos da sociedade civil, como o Todos pela Educação. "Chegamos a um certo consenso do que deve ser feito."(O Estado de SP, 9/6)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Educação básica: qualificação ou "burnout"?, artigo de Rudá Ricci




“Para quem não vive o cotidiano das escolas públicas de ensino básico, o problema central não aparece: a total falta de tempo e a sobrecarga de trabalho dos professores” Rudá Ricci, sociólogo, doutor em ciências sociais, é consultor do SindUTE-MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) e do Sinesp (Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo). Artigo publicado na “Folha de SP”:Algumas opiniões divulgadas largamente na grande imprensa criam a falsa impressão (para os leitores, já que pesquisas recentes indicam que a grande maioria dos brasileiros não compartilha dessa análise) de que o problema central da educação básica é a baixa qualificação dos professores. Esquecem-se dos milhões de dólares investidos nos anos 90 a partir de acordos com o Banco Mundial, carreados para amplos programas de qualificação desses educadores. Os recursos não foram poucos, oscilando ao redor de US$ 100 milhões em programas estaduais que deslocaram professores para uma imersão em longas programações que ocorreram em hotéis confortáveis sob a orientação de consultorias particulares, como foi o caso na reforma educacional no Espírito Santo, para citar um exemplo. Para quem não vive o cotidiano das escolas públicas de ensino básico, o problema central não aparece: a total falta de tempo e a sobrecarga de trabalho dos professores. Os professores de ensino básico não têm tempo para se prepararem ou acolher os novos projetos que os transformam em meros executores. A qualificação, então, surge como saída fácil, assim como a premiação por desempenho de alunos. Carta que a professora Áurea Regina Damasceno enviou recentemente à secretária municipal de Educação de Belo Horizonte insurge-se contra esses palpites porque revela o cotidiano das salas de aula. Por esse motivo, já está se tornando um best-seller na internet. A seguir, reproduzo uma passagem dessa carta. "Hoje, dia 19 de março de 2009, vou mais um dia para a escola, (...) busco entusiasmo não sei onde, entro para a sala de aula e inicio repetindo o que tenho falado com os alunos desde o primeiro dia de aula: coloquem o material escolar sobre a mesa e guardem a mochila debaixo da carteira ou dependurada no encosto da cadeira (muitos se deitam, durante a aula, na mochila para dormir ou se escondem atrás dela para dar gritos ensurdecedores sem motivo algum ou para atirar bolinhas de papel enfiadas no corpo das canetas esferográficas). Essa atividade demanda mais ou menos uns 20 minutos, pois metade da sala não ouve ou finge que não ouve, continua a correr pela sala, está virada para trás conversando, está subindo nas bancadas sobre as janelas e de lá pulando de cadeira em cadeira e outros tantos estão a olhar no vazio, sem nada fazer."A professora Áurea é doutora em educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). A carta continua e parece o roteiro do filme "Entre os Muros da Escola" (2008), de Laurent Cantet. Recentemente, o Sinesp patrocinou uma pesquisa com diretores e especialistas da rede de ensino municipal da capital paulista. Para a maioria, os principais problemas relacionados às condições de trabalho são: acúmulo de funções, demanda burocrática e falta de equipamentos. É recorrente a crítica às demandas sempre urgentes, sem planejamento ou repetidas que os órgãos superiores do sistema educacional impõem regularmente. O principal problema de saúde apontado (31% das respostas) é estresse/depressão. A situação se reproduz em diversas outras pesquisas realizadas pelo país. O SindUTE-MG realizou em Minas Gerais pesquisa com professores da rede estadual de ensino básico e constatou o mesmo que em São Paulo. O nome desse fenômeno é síndrome de "burnout". Originário do inglês "burn out" [queimar-se no fogo], significa a síndrome da estafa profissional. Ela foi descrita pela primeira vez pelo psicólogo H. J. Freudenberger, em 1974, para descrever um sentimento de fracasso e exaustão. Essa síndrome constitui um quadro bem definido, caracterizado por exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. A exaustão emocional representa o esgotamento dos recursos emocionais do indivíduo. A UnB (Universidade de Brasília) já constatou esse fenômeno que acomete professores do ensino básico do nosso país. Assim, parece urgente um mergulho no mundo real da educação básica para que afastemos opiniões que não conseguem ser algo mais que meros palpites, sem base científica.A carta da professora Áurea revela que, mesmo sendo doutora, não tem as condições mínimas para fazer valer esse título. A reorganização do tempo e das condições básicas de trabalho é a pauta urgente do momento. Menos turmas por professor, apoio multidisciplinar e tempo para se recompor num trabalho tão intenso é o mínimo que se pode exigir. (Folha de SP, 4/6)

Doutores recém-formados terão financiamento para pesquisa em áreas estratégicas


Investimento previsto é de R$ 17,1 milhões O Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Capes, e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio da Finep, lançaram o Edital do Plano Nacional de Pós-Doutorado (PNPD). O plano é um programa estratégico para garantir a incorporação de pesquisadores altamente qualificados na atividade econômica brasileira, uma das ações da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que retoma a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) e a Lei de Inovação.A meta do programa é financiar pesquisas de doutores recém-formados em áreas estratégicas inseridas na PDP. Programas de pós-graduação reconhecidos pela Capes e vinculados a instituições de ensino superior (IES), centros ou institutos de pesquisa e empresas de base tecnológica poderão encaminhar projetos de pesquisa que visem ao ingresso de recém-doutores. A data-limite para submissão de propostas é dia 10 de julho.Os projetos devem atender a, no mínimo, um dos seguintes princípios norteadores: estar relacionados à inovação e ao incremento da cooperação científica com empresas; objetivar a formação de recursos humanos em projetos de inovação ou treinamento em áreas tecnológicas; resultar em aumento da competitividade das empresas de base tecnológica, em consonância com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP); aumentar qualitativa e quantitativamente o desempenho científico e tecnológico do país; apoiar grupos de pesquisa qualificados para dar suporte à competitividade internacional da pesquisa brasileira; contemplar a inovação, ter relevância regional ou estar inserido em uma política de desenvolvimento local; e, resultar em adensamento tecnológico e dinamização de cadeias produtivas.O investimento da Capes/Finep previsto neste edital é de R$ 17,1 milhões. Cada projeto poderá ter até três bolsistas. Os itens financiáveis são: bolsa mensal de R$ 3,3 mil e R$ 12 mil anuais, por bolsista, para compra de material de custeio.Os projetos apoiados pelo Edital PNPD/2009 terão duração de até 60 meses. A seleção, implementação e gerenciamento dos projetos serão realizadas pela Capes. Informações adicionais podem ser obtidas pelo e-mail: pnpd_inscricao2009@capes.gov.brVeja o edital em: http://www.capes.gov.br/editais/abertos/2782-pnpd(Assessoria de Comunicação da Capes)