sexta-feira, 10 de julho de 2009

Falta de professores prejudica universitários da FAFIDAM


Apesar de obrigatório, disciplina de Libras deixa de ser ofertada pela falta de profissionais capacitados (Foto: Melquíades Júnior )
Déficit de professores prejudica atividades das instituições de ensino.
Limoeiro do Norte. A um passo da graduação, estudantes da Universidade Estadual do Ceará (Uece) não conseguem concluir a faculdade pela falta de professor de Língua Brasileira de Sinais (Libras), disciplina obrigatória nos cursos de licenciatura desde 2006. Vários alunos já concluíram até a monografia de fim de curso, mas a falta de professor impede a diplomação, o registro profissional e compromete o ingresso no mercado de trabalho dos quase formados. A situação é mais crítica na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), em Limoeiro, a primeira a apresentar a demanda. A Pró-Reitoria de Graduação da Uece, em Fortaleza, reconhece que falta efetivo de 209 professores, para diversos cursos de graduação em todo o Ceará.E quando não é a carência de docentes na área, é a falta de suporte que obriga os profissionais de Fortaleza a se negarem a ensinar no Interior. Com um baixo salário e tendo que arcar com as despesas de transporte, alimentação e hospedagem, professores sentem-se desestimulados a migrar para o Interior para lecionar apenas uma disciplina. Esse seria um dos motivos pelos quais a Fafidam ainda reclama um professor de Libras. “Faz muito tempo que estamos pedindo uma solução à Uece, até já acionamos o Ministério Público. Estou no 11º semestre, fiz a monografia, já atuo como professora e não tenho minha carteira assinada porque não tenho diploma”, afirma a concludente de Letras Ilnar Maia.A grade curricular de 2006 da Uece atende determinação do Ministério da Educação, que por meio do decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, inseriu a Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas de todo o País. O problema é que o Ceará carece de profissionais para ensinar Libras nas universidades – somente em 2006 o Brasil teve o primeiro curso de licenciatura em Letras, criado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da qual é parceira a Universidade Federal do Ceará (UFC), que ministra o curso na modalidade à distância.A estudante de Letras Eridene Bezerra, de 24 anos, cursou tudo, menos a disciplina de Libras. “Fizeram-nos mudar da grade curricular antiga para a nova, de 2006, que já incluía Libras, mas não estamos conseguindo terminar. Foi oferecida a disciplina, mas não havia professor e estamos emperrados na burocracia”, reclama. A coordenação do curso de Letras acionou a Pró-Reitoria de Graduação da Uece, em Fortaleza. De acordo com o coordenador Lailton Duarte, a direção e a coordenação do curso em Limoeiro já fizeram o pedido. “Agora depende de lá”, referindo-se à reitoria em Fortaleza.DeficiênciasA falta de professores para a disciplina de Libras é somente um dos vários capítulos enfrentados pelos estudantes da Uece, que nos últimos anos passaram por quatro greves e ainda sofrem o dilema de poucas disciplinas ofertadas por semestre, devido à falta de docentes. De acordo com o coordenador do curso de Letras da Fafidam, Lailton Duarte, 27 disciplinas deixaram de ser ofertadas no último semestre porque faltam professores. Outra situação foi a mudança de grade, que separou Letras com habilitação em Inglês ou Português. A estudante Wanna Carla, que enviou a sugestão de pauta para o Alô Redação, do Diário do Nordeste, perdeu todas as cadeiras de inglês cursadas ao ter que optar, no meio do caminho, entre uma das habilitações.A pró-reitora Lineuda da Costa reconheceu o problema. “Estamos aguardando a reedição do edital de seleção para professores substitutos (publicado inicialmente em maio), pois não teve candidatos interessados para Limoeiro do Norte (Fafidam), Crateús (FAEC) e Tauá (Cecitec). Mas já tem dois aprovados , um para Iguatu e o selecionado para Quixadá, que não será lotado no momento, estamos tentando transferir para Limoeiro do Norte no próximo semestre letivo”.

Melquíades Júnior Colaborador do Regional DN.

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