quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ex-bolsistas do LAGEO aprovadas em Mestrado da UECE

Duas ex-bolsistas do Laboratório de Geografia da Fafidam foram aprovadas no Programa de Mestrado Acadêmico em Geografia da UECE. Kélbia Geísa e Bárbara Maia foram bolsistas de Iniciação Científica e do Programa de Monitoria Acadêmica no LAGEO. A experiência de pesquisa e monitoria ajudaram as alunas no desenvolvimento de seus Trabalhos de Conclusão de  Curso e foram significativas na formação curricular. A aprovação no mestrado é o reconhecimento do empenho das ex-alunas e da equipe do LAGEO. Fica o exemplo aos novos bolsistas que pretendem especializar sua formação no futuro. Parabéns aos professores e dicentes do curso de Geografia.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Comissão de "notáveis" vai tentar marcar reunião com Cid. Greve continua.

Professores, servidores e alunos em greve reivindicam melhorias estruturais, concurso, plano de carreira, plano de auxílio para estudantes e outros pontos. Greve nas universidades estaduais começou em setembro

opovo 05/12/2013

Um debate acalorado marcou a tarde e o começo da noite de ontem na Assembleia Legislativa (AL) do Ceará. Em greve, professores, alunos e servidores das três universidades estaduais participaram de audiência pública com parlamentares, representantes do Governo e reitores. O objetivo era discutir as reivindicações dos docentes. Todavia, nenhum acordo foi fechado e o impasse permanece. Professores e alunos querem negociar diretamente com o governador Cid Gomes, que já declarou não discutir com categorias em greve.
Durante a audiência pública de ontem, Eudes Barreira, vice-presidente do Sinduece, disse que uma comissão de “notáveis” está sendo formada para tentar articular um encontro entre professores e o governador Cid Gomes.

Entre os membros da comissão, estão dom Edmílson da Cruz, bispo emérito de Limoeiro do Norte; o cineasta Rosemberg Cariry; Inocêncio Uchôa, juiz do trabalho aposentado; e as deputadas estadual Eliane Novais (PSB) e Rachel Marques (PT). Outros deputados, senadores, professores e jornalistas também integram o grupo.

Greve continua 

Presidente do Sindicato dos Docentes da Uece (Sinduece), Elda Maciel afirmou que a paralisação, que começou em 17 de setembro, será encerrada apenas se houver negociação com o governador. “Não entramos nessa greve à toa. Nós estamos, a duras penas, sendo confrontados com a impossibilidade de ensinar, pesquisar e fazer extensão”, declarou a docente, que denunciou o “sucateamento” das universidades.
A presidente do Sindicato dos Docentes da Universidade Vale do Acaraú (Sindiuva), Sílvia Helena, corroborou a reivindicação. Segundo a professora, no início deste ano, faltavam na UVA itens básicos como pincel para lousa e água. Além disso, Sílvia relatou que diversas salas de aula não têm ar-condicionado e estão repletas de fungos. “Vários professores têm crise alérgica por causa disso”, lamentou.
“Todas as universidades do Interior serão reformadas. Serão reformas profundas de estrutura”, prometeu o reitor da Universidade Estadual do Ceará, Hildebrando Soares. O reitor defende que houve avanços nas unidades de ensino superior desde 2007. “Houve crescimento, sim, mas um crescimento que não cabe no tamanho das universidades estaduais”, ponderou.

Reivindicações
Pauta dos professores
O comando de greve das universidades estaduais reivindica a realização de concurso para professores efetivos, investimento na infraestrutura das instituições, melhores condições de trabalho e a regulamentação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV). 

Datas da greve
Algumas datas foram decisivas para definir os rumos das paralisações e negociações. Relembre:

17 e 18 de setembro
Alunos e professores do campus da Uece em Itapipoca entram
em greve.

29 de outubro
Professores e servidores da Uece deflagram greve por tempo indeterminado.
5 de novembro
Professores da Universidade Regional do Cariri (Urca) entram em greve geral. 

7 de novembro
Professores na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) entram em greve.
20 de novembro
Durante reunião entre reitores, líderes do governo e grevistas, professores rejeitam proposta e mantêm greve. 

27 de novembro
Grupo com cerca de 70 manifestantes ocupa hall da Assembleia durante solenidade de homenagem ao servidor público.  

4 de dezembro
Primeira audiência pública é realizada para debater pautas 
dos grevistas.

Grevistas estão acampados no hall da AL há oito dias

Cerca de 70 pessoas, entre professores, alunos e servidores das três universidades estaduais do Ceará, estão acampadas no hall da Assembleia Legislativa (AL) do Ceará. O grupo está no local desde o último 27 de novembro, quando foi realizada a solenidade de homenagem ao servidor público.
Naquele dia, uma comissão formada por docentes e estudantes foi recebida pelo vice-presidente da AL, Tin Gomes (PHS). Policiais do Batalhão de Choque vêm acompanhando os manifestantes durante todos os dias de ocupação. Todavia, os PMs ficam do lado de fora do plenário.

De acordo com a professora do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Sâmbara Ribeiro, um acordo foi feito entre os acampados e a Assembleia. Diversos pontos foram acertados, como horários de entrada e saída. O acerto também prevê outras restrições ao acesso.
A professora explica que o objetivo da ocupação é pressionar o governador Cid Gomes (Pros) a abrir negociação com os grevistas. “Desde 2011, nós tentamos uma negociação e nada conseguimos até agora”, protesta.

Sâmbara diz ainda que o acampamento só terá fim quando os grevistas conseguirem o que reivindicam. 
(Camila Holanda)
opovo 05/12/2013

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Manifestantes ocupam plenário da Assembleia

Na noite de ontem, os ativistas deixaram o plenário, no entanto, prometeram passar a noite no hall da Casa
DN 28 novembro 2013
Cerca de 60 estudantes, professores e servidores das universidades públicas estaduais interromperam uma solenidade em homenagem ao servidor público no plenário da Assembleia Legislativa do Ceará, ontem, reivindicando melhorias para professores e as instituições de ensino superior mantidas pelo Estado. Os ativistas saíram do plenário, mas ocuparam o hall do Parlamento e prometem deixar o local só quando forem recebidos pelo governador Cid Gomes.
Estudantes, professores e servidores das universidades estaduais pedem concurso para professores, Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) dos servidores e melhor infraestrutura nas universidades estaduais. Foto: Bruno Gomes
A movimentação foi pacífica. Os manifestantes reivindicam melhorias para a Universidade Estadual do Ceará (Uece), Universidade Vale do Acaraú (UVA) e a Universidade Regional do Cariri (Urca). De acordo com Silvia Helena de Lima, presidente do Sindicato dos Docentes da Universidade do Vale do Acaraú (SindiUva), o grupo decidiu permanecer até que sejam abertas as negociações.
Para saírem do plenário, os ativistas pediram que a integridade física deles seja preservada; livre acesso para buscar alimentação; e uma audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia da Casa. Entre as reivindicações durante o protesto, eles conseguiram uma fala na TV Assembleia tratando do assunto.
Concurso
Entre as os pedidos dos manifestantes, também estão o concurso para novos professores, Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) dos servidores, política de assistência estudantil e melhor infraestrutura nas universidades estaduais.
Após a ocupação, os deputados Tin Gomes (PHS), Antônio Carlos (PT), José Sarto (Pros), Raquel Marques (PT) e Eliane Novais (PSB) se reuniram com uma comissão do grupo. Durante a reunião, ficou acordado que será solicitado uma audiência pública para debater as reivindicações, que, posteriormente, serão enviadas ao governador.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Docentes da Uece (SindUece), Elda Maciel, ficou decidido, ainda, que os ocupantes teriam garantidos os seus direitos, como integridade física e acesso a água e comida.
Além disso, ficou acordado, que um grupo de 60 pessoas, devidamente identificado, poderá ter um trânsito livre na Assembleia Legislativa. Segundo o coronel Túlio Martins, coordenador militar da Assembleia Legislativa, essas pessoas possuem permissão, pois estavam na casa no momento das negociações.
Segundo Silvia Helena, há um déficit de 800 professores efetivos nas universidades públicas do Estado. A presidente do SindUva diz ainda que um concurso foi realizado, mas nenhum professor chegou a ser convocado até o momento.
A Polícia Militar (PM) foi chamada, e viaturas do Comando Tático Motorizado (Cotam) ficaram encarregados de realizar o cerco nos arredores da Casa Legislativa enquanto os manifestantes permanecerem no local. De acordo com o major Martins, cerca de 30 policiais do Batalhão de Choque estão do lado de fora da Assembleia Legislativa e só irão entrar caso seja solicitado. Dentro do Parlamento, a segurança é feita pelos policiais da Casa. O coordenador militar garante que a tranquilidade será mantida, e os agentes estão apenas protegendo o patrimônio.
Acesso
Devido à manifestação, um evento que seria realizado, na noite de ontem, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/CE) precisou ser cancelado. Dezenas de pessoas que chegaram à Assembleia não puderam entrar no Legislativo.
A assessoria de Comunicação do deputado estadual Tin Gomes informou que a audiência pública requerida pelos ativistas será realizada nos próximos dias, mas não precisou a data em que deverá acontecer.

domingo, 24 de novembro de 2013

"Privatização de tudo" gerou protestos, que vão continuar

20.11.2013

Folha de S.Paulo | Poder
Eleonora de Lucena entrevista David Harvey
GEÓGRAFO DIZ QUE A CRISE MUNDIAL AMPLIOU A CONCENTRAÇÃO DA RIQUEZA E CRITICA GASTOS DO BRASIL COM COPA E OLIMPÍADA
O projeto neoliberal é privatizar e transformar tudo em mercadoria. No seu fracasso em realizar promessas de eficiência estão as raízes dos protestos que eclodem pelo mundo e no Brasil. Partidos convencionais, reféns do capital internacional, não conseguem canalizar a raiva das ruas. Não há ideias novas, e as manifestações vão continuar.
A análise é do geógrafo marxista britânico David Harvey, 78. Professor da Universidade da Cidade de Nova York, ele ataca os "oligarcas globais" e afirma que os bilionários foram os que mais ganharam com a crise.
Crítico de megaeventos como Copa e Olimpíada, ele diz que os governos são muito influenciados pelo capital financeiro: "Esses eventos são sobre a acumulação de capital através de desenvolvimento de infraestrutura. Os pobres tendem a sofrer, e os ricos tendem a ficar mais ricos".
A partir de sexta Harvey irá a debates no Brasil sobre o lançamento de seu livro Os limites do capital e da coletânea Cidades Rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil.
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Qual sua avaliação sobre a situação mundial?
É muito mutante e volátil. Está tão perigosa quanto sempre foi. O que me surpreende é que não há novas ideias. As receitas propostas aprofundam o modelo neoliberal ou tentam desenvolver alguma forma de keynesianismo. Ambas opções me parecem muito frágeis.

O sr. disse à Folha em 2012 que a crise deveria aprofundar a concentração de capital e as desigualdades. Isso ocorreu?
Sim. Todos os dados mostram que o número de bilionários cresceu no mundo. Foi o grupo que melhor se saiu melhor na crise, enquanto todos os outros ou permaneceram estagnados ou perderam. O crescimento principal está sendo canalizado para o 1% mais rico da população mundial. É preciso haver uma redistribuição de renda globalmente e entre classes. O clube dos bilionários é que é o problema. Oligarcas globais controlam potencialmente ¾ da economia global. Meu ponto é: vamos para crescimento zero, sem canalizar o crescimento para eles e, ao mesmo tempo, devemos fazer uma redistribuição.

Nesse cenário haveria uma guerra, não?
Olhando para o que está acontecendo nas ruas se pode pensar que esse tipo de coisa não está tão longe assim.

Qual sua visão dos protestos pelo mundo? O sr. defendeu a criação de um "partido da indignação" para lutar contra o "partido de Wall Street". Como essa ideia evoluiu?
Os movimentos não estão indo muito bem. O poder político se moveu rapidamente para tentar reprimir os protestos. Há também muitas divisões entre os movimentos. Sobre o futuro, é muito difícil prever. A situação é muito volátil para os movimentos.

E sobre os protestos no Brasil?
Existe uma desilusão generalizada do processo político. As pessoas estão começando a discutir como modificar os piores aspectos da exploração capitalista. Há também uma alienação, que leva a alguma passividade, que é interrompida ocasionalmente por explosões de raiva. O nível de frustração por todo o mundo está muito alto agora. Não surpreende que essas manifestações ocorram. O problema é canalizar essa raiva para movimentos políticos que tenham um projeto. Prevejo mais explosões de raiva nos próximos anos – no Egito, na Suécia, no Brasil etc.

Há conexão entre esses movimentos?
Sim, cada um tem suas demandas específicas, mas há problemas de base provocados pela natureza autocrática do neoliberalismo, que virou um padrão para o comportamento político. Ele não é satisfatório para a massa da população e fracassou em entregar o que prometeu. Há uma crise na governança democrática e uma raiva contra as formas tomadas pelo capitalismo. No norte da África os protestos foram parcialmente sobre a alta nos preços da comida. Isso diz respeito ao poder do agronegócio e à especulação com as commodities, causas da alta dos preços.

No Brasil os protestos estouraram por causa da alta nas tarifas de ônibus. Como especialista em questões urbanas, como o sr. avalia o problema?
O projeto neoliberal é privatizar e transformar tudo em mercadoria. Tudo vira objeto das forças do mercado. Dizem que essa é a forma mais eficiente de prover bens e serviços para uma população. Mas, na verdade, é uma maneira muito eficiente de um grupo da população reunir uma grande soma de riqueza às custas de outro grupo da população – sem entregar, de fato, bens e serviços (transporte, comida, casas etc.). Essa é uma das razões do descontentamento da população. Por isso, explodem manifestações de raiva em diferentes lugares e em diferentes direções políticas. Há uma situação de fundo que dá uma visão comum às batalhas, embora cada uma delas seja específica e diferente. No Brasil foi o custo do transporte. Em outros lugares é preço da comida, da habitação etc.

Em São Paulo há também a discussão sobre o aumento do imposto sobre propriedade urbana. Isso também evidencia uma luta social?
Vamos chamar de luta de classes. Ela está mais evidente, mas muitas pessoas não gostam de falar sobre isso.

Partidos tradicionais foram pegos de surpresa no Brasil. Mas os movimentos não têm organização própria. Como isso pode se transformar em forças políticas organizadas?
Se eu tivesse essa resposta, não estaria falando com você agora. Estaria lá fora fazendo. A situação agora reflete a alienação das pessoas em relação a praticamente todos os partidos políticos e a sua desilusão com o processo político. Nos EUA, o Congresso tem uma taxa de aprovação de 10%. Nessa circunstância, as pessoas não vão canalizar o seu descontentamento para o processo político, pois não enxergam esperança nisso. Por isso, há essa raiva. E assim as coisas vão continuar.

O sr. concorda com a visão de que partidos de todos os matizes caminharam para a direita e que a esquerda se diluiu em ONGs e estruturas voláteis?
Há internacionalmente uma ortodoxia econômica, que é reforçada pelos movimentos do capital internacional. Os partidos políticos convencionais se tornaram reféns desse poder.

Isso acontece com o PT?
Isso é para o julgamento de seus leitores. Noto que há uma desilusão sobre o PT entre seus próprios integrantes.

O sr. está escrevendo um livro sobre as contradições do capitalismo. Qual é a principal?
Estão mais restritas as condições que o capital tem para crescer. É muito difícil achar novos lugares para ir e novas atividades produtivas que possam absorver a enorme quantidade de capital que está buscando atividades lucrativas. Em consequência muito capital vai para atividades especulativas, patrimônio, compra de terras, commodities. Criam-se bolhas.

O sr. escreveu que é cada vez mais difícil encontrar o inimigo. Quem é o inimigo?
O inimigo é um processo, não uma pessoa. É um processo de circulação de capital que entra e sai de países. Quando decide entrar, há um "boom"; quando decide sair, há uma depressão. Por isso é necessário controlar esse processo de circulação. O Brasil tem possibilidades limitadas, porque o capital pode simplesmente desaparecer.

No início o Brasil parecia estar indo bem na crise. Agora estamos travados. O que deu errado?
Houve mudanças modestas no Brasil no sentido de redistribuir renda, como o Bolsa Família. Mas é necessário fazer muito mais. Muito dos gastos em enormes projetos de infraestrutura ligados à Copa do Mundo e à Olimpíada são uma perda de dinheiro e de recursos. As pessoas se perguntam por que o país está fazendo todos esses investimentos para a Fifa ter um grande lucro. Para o resto do mundo é surpreendente ver brasileiros se revoltando contra novos estádios de futebol.

Copa e Olimpíada não fazem bem para o país?
A Grécia está em dificuldades em parte por causa do que foi feito em razão da Olimpíada de Atenas. Muitas cidades olímpicas nos EUA entraram em dificuldades financeiras.

Como o sr. explica o poder da Fifa e do COI?
É como qualquer poder monopolista: extrai o máximo do que se tem a oferecer. Os governos são muito influenciados pelo capital financeiro. Esses eventos são sobre a acumulação de capital através de desenvolvimento de infraestrutura, de urbanização. Envolvem também despossuir pessoas, removendo-as de suas residências para abrir espaço aos megaprojetos. Os pobres tendem a sofrer, e os ricos tendem a ficar mais ricos.

Como o sr. analisa a situação política na America Latina?
Politicamente houve, na superfície, um tipo de política antineoliberal. Mas não houve nenhum verdadeiro grande desafio para o grande capital. Há discursos anti-FMI. Mas, de outro lado, o Brasil está ofertando a

exploração de seu petróleo para empresas estrangeiras, por exemplo. Não é profunda a tentativa de ir realmente contra as fundações do capitalismo neoliberal. É uma política antiliberal só na superfície, na retórica. Mas há alguns elementos, como o Bolsa Família, que não fazem parte da lógica neoliberal. Mesmo a Venezuela não vai muito longe em realmente desafiar os interesses do capital.
Os EUA não perderam posições na região?
Os EUA estão mais fracos na América Latina, em parte porque o crescimento da região foi mais orientado para a o comércio com a China, que ampliou o seu papel imensamente. De muitas formas, a economia na América Latina é muito mais sensível ao que ocorre na economia chinesa do que na norte-americana.

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OS LIMITES DO CAPITAL
AUTOR David Harvey
EDITORA Boitempo (2013)
QUANTO R$ 79 (592 págs.)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Protesto de professores de universidades estaduais tem passeata e confusão

Diário do Nordeste 07/112013
Professores, servidores e estudantes de universidades estaduais realizaram protesto nesta quarta-feira (6) reivindicando melhorias no ensino superior no Estado. A manifestação teve início por volta das 15h na Praça da Imprensa e o objetivo do grupo era chegar até ao Palácio da Abolição, sede do Governo, para uma audiência com governador do Ceará, Cid Gomes. 

Entretanto, o percurso foi interrompido por uma barreira policial. Em meio a tentativas de negociação para que alguns representantes das universidades ultrapassassem a barreira policial, houve confronto entre manifestantes e policiais. Foram disparadas bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral. Alguns manifestantes responderam com pedras e derrubaram as grades de proteção. 

Manifestantes atearam fogo em vários momentos. FOTO: Lucas de Menezes 

Participaram do ato profissionais da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Universidade Regional do Cariri (Urca) e Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) que reivindicavam, entre outros assuntos, concurso público para professor efetivo, a regulamentação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) para professores e servidores e melhorias na infraestrutura dos campi. 

Após negociações com policiais que faziam a barreira na Av. Barão de Studart com Rua Pereira Filgueiras, 6 representantes das universidades conseguiram uma reunião com a Casa Militar no intuito de marcar uma audiência com Cid Gomes. Ao fim do encontro, a presidente do Sindicato dos Docentes da Uece (SindUece), Elda Maciel, repassou aos manifestantes que havia fracassado a tentativa de audiência com o governador, que estava em Brasília. "O secretário explicou que não podia marcar uma audiência com o governador e que iria passar para chefe de gabinete tentar marcar. Ele disse que não podia garantia que ia ser feito". 

O governador e o prefeito Roberto Cláudio participaram, nesta quarta-feira (6), em Brasília, do lançamento do bloco parlamentar formado pelo PROS e pelo PP. 

O grupo marchou até o Palácio da Abolição, sede do Governo Estadual, ao som de tambores e apitos. O trânsito foi bloqueado pelos manifestantes nos dois sentidos da Av. Desembargador Moreira durante a passeata. Depois o grupo seguiu pela Rua Padre Valdevino e, em seguida, na Av. Barão de Studart.

Desde o início, pessoas mascaradas ficaram na linha de frente dos manifestantes. A movimentação do grupo foi acompanhada de perto por um helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer). 

Funcionários de diversas lojas fecharam as portas enquanto o grupo passava. Apesar da tentativa de proteção dos lojistas, a vidraçaria de uma concessionária de veículos foi quebrada e as fachadas de diversas lojas foram pichadas por manifestantes com rostos cobertos. 

Integrantes do Sindicato dos Docentes da Uece, principais organizadores da manifestação, se distanciavam do grupo toda vez que os mascarados realizavam as pinturas nas paredes. "A gente não sabe de onde eles vieram. Esse pessoal entra em toda manifestação, não tem mais como controlar. Para nós, não interessa o confronto", disse Elda Maciel, presidente do Sindicato. 

Barreira policial impediu a chegada de manifestantes ao Palácio 

Um grande contingente de policiais foi deslocado a uma barreira formada no cruzamento da Avenida Barão de Studart e a Rua Pereira Filgueiras. Por volta das 17h35, um confronto entre policiais e manifestantes teve início. Foram disparadas bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral. 

Durante o confronto, integrantes do Sindicato dos Docentes da Uece pediam calma aos policiais e manifestantes. Em nota, o Governo do Estado informou que está disposto a retomar a negociação com os representantes da Uece e da Urca após o retorno das atividades acadêmicas. Já quanto às reivindicações da UVA, o Governo declarou continuar aberto ao diálogo em busca do entendimento. 

Professores em greve Os professores da Uece estão em greve desde o dia 29 de outubro. Já a Urca deliberou a greve em assembleia realizada na última terça-feira (5). Está marcada para a próxima sexta-feira uma assembleia na UVA, em que será votado se a universidade entra também de greve ou não.

sábado, 19 de outubro de 2013

22/10/13 - Sinduece convoca assembleia geral dos docentes da UECE

Greve Geral 2008. FAFIDAM na linha de frente.
O Sindicato dos Docentes da Uece – Seção Sindical do Andes-SN, com sede na Rua Tereza Cristina, 2266, Sala 204, Bairro Benfica, CEP 60015-14, Fortaleza/CE, Fone/Fax: (85) 30770058 através de sua Diretoria convoca através do presente edital, todos os seus sindicalizados e docentes em geral da UECE para a Assembleia Geral Ordinária, que será realizada no dia 22 de outubro de 2013, às 8h30min, no Auditório Central no Campus do Itaperi, Fortaleza-Ce, com a seguinte ordem do dia:

1. Informes

2. Campanha Salarial 2014

3. Concurso para Professor Efetivo

4. Indicativo de Greve na UECE

A Assembleia Geral instalar-se-á em primeira convocação às 8h30min e, em segunda convocação, às 9 horas.
Fortaleza-Ce, 14 de outubro de 2013.

Fonte :SINDUECE

17/10/13 - Assembleia dos estudantes da UECE delibera indicativo de greve

Greve Geral de 2008. FAFIDAM na linha de frente.
Quarta, 16/10, às 17h, em frente ao auditório central, no campus do Itaperi, em Fortaleza, houve uma Assembléia Geral de Estudantes da UECE para discutir a precarização da universidade, as recentes mobilizações, incluindo o campus da FACEDI em Itapipoca (hoje com 30 dias de greve e ocupação) e um possível indicativo de greve geral.
Foi deliberado, depois de ampla aclamação, o indicativo de greve (interior e capital), sendo orientada a realização de assembleias por cursos até o dia 22, quando ocorrerá a assembleia dos docentes; dois representantes por curso para compor um comando de greve geral, incluindo o interior; e criação de comissões de articulação.
Caravanas seguem hoje pela manhã para os campus de Limoeiro do Norte, Iguatu e Quixadá.
Eis os encaminhamentos do que foi discutido na Assembleia Geral:
1 - Indicativo de GREVE GERAL!;
2 - Construir um processo de mobilização e articulação entre as 3 estaduais: UECE, URCA e UeVA, entendendo que todas três passam pelo mesmo processo de precarização;
3 - Eleição de 2 delegados em cada curso para composição do Comando de Greve, respeitando a paridade de gênero. Tais delegados devem ser eleitos em assembleias de curso;
4 - Cortejo pela UECE, após a assembléia de hoje (16/10);
5 - Mobilizar para uma nova Assembleia Geral, no dia 22/10, ás 17h, em frente ao auditório central, com a participação de todos os campis da UECE, interior e capital;
6 - Construção de um calendário de mobilização na UECE-Itaperi;
* 17 a 20 de Outubro - realização de assembleias em todos os cursos para debater pautas específicas, indicativo de GREVE e eleição dxs 2 delegadxs pra compor o Comando de Greve;
* 17 a 22 de Outubro - passagem em sala de aula para mobilizar os estudantes para a Assembleia Geral do dia 22/10, às 17h, em frente ao auditório central;
* 17 de Outubro - realização de oficinas de cartazes e faixas, no R.U. (11h e 17h);
* 18 de Outubro - festa na FACEDI-UECE com cover do Raul Seixas, em comemoração aos 30 dias de ocupação em Itapipoca;
7 - Criação de uma comissão de agitação/propaganda;
8 - Boicote por parte de todos os CA's à reunião convocada pela reitoria para o dia 17/10, tendo em vista que não aceitaremos nenhum tipo de criminalização dos estudantes que fizeram intervenções no prédio da reitoria, e que os canais de diálogo com reitoria e com o governo do estado já se esgotaram;
8 - Moção de apoio a ocupação da USP que resiste a cerca de 17 dias;
9 - Cancelamento das eleições pra DCE, entendendo que nosso objetivo central é a mobilização, no interior e na capital, para um processo de GREVE GERAL na universidade e não um processo eleitoral;

Mais sobre o assunto
Itaperi, dia 16 de outubro: UECE vive um dos maiores dias de mobilização por greve geral
Uma onda irradiada pela presença dos estudantes da Faculdade de Educação de Itapipoca, ao som provocante e mobilizador da Banda de Lata, chega com uma vibração avassaladora sobre o campus do Itaperi, em Fortaleza, ganhando força com os estudantes da capital desfraldando juntos a bandeira da “greve geral, interior e capital”.
O movimento começou no saguão da reitoria onde abordaram a administração cobrando ação concreta em relação às demandas das faculdades da UECE no interior do estado (Itapipoca, Crateús, Limoeiro do Norte, Tauá, Quixadá e Iguatu). Os estudantes questionaram ainda a ausência da pauta das unidades do interior em reunião da reitoria com o governo estadual, 18 de outubro.
Em seguida, o movimento passou a mobilizar estudantes para a assembleia geral marcada para as 17 horas, no campus do Itaperi, que resultou em indicativo de greve.

Fonte: SINDUECE

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

LANÇAMENTO

O Prof. Flávio Rodrigues lançou durante o ENANPEGE em Campinas-SP o livro O fenômeno da Desertificação. Ex-professor da FAFIDAM, atualmente pertencente ao Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense, Flávio traz uma importante contribuição ao debate sobre a problemática da desertificação no âmbito da degradação ambiental, um dos mais graves problemas ambientais da atualidade, em suas escalas mundial, regional e local. Enfocando os Trópicos Semiáridos em vista da degradação dos recursos naturais e do fenômeno desertificação em sua origem, causas, consequências e tratamento, o livro também aborda conceitos e estudos de casos no mundo e no Brasil. A obra se afirma como uma referência importante para pesquisadores da área.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A "Primavera Acadêmica" : O Mercado de Artigos Científicos

A "Primavera Acadêmica": O Mercado de Artigos Científicos
Artigo de Lilian Cristina Monteiro França* para o Jornal da Ciência



Não existe pesquisa sem revisão de literatura e referencial teórico. Em um momento em que o fluxo de comunicação se acelera e a Internet disponibiliza uma vasta gama de artigos científicos, escritos sob as mais variadas perspectivas, orientações e matizes teóricos, uma nova barreira se apresenta.

Se, antes da rede das redes, o acesso à produção acadêmica envolvia o deslocamento até as grandes bibliotecas e a seus acervos de livros, revistas científicas, teses, dissertações e monografias, demandando recursos consideráveis para o transporte/alojamento, hoje, a cobrança por acesso a conteúdo (paywall systems) vai surgindo como nova preocupação, mais uma vez segmentando o acesso ao conhecimento.

Um pesquisador que deseje ler o artigo "n-3 fatty acids and lipoproteins: Comparison of results from human and animal studies", de William S. Harris, deve "comprar o artigo" por $39,95 (USD); aquele que quiser estudar as mudanças no jornalismo contemporâneo poderia, por exemplo, selecionar os artigos, "Dumbing down or shaping up: New technologies, new media, new journalism", "Journalism in a state of flux: Journalists as agents of technology innovation and emerging news practices", "New media and journalism practice in Africa: An agenda for research", "Coming to Terms with Convergence Journalism: Cross-Media as a Theoretical and Analytical Concept", "US Foreign Correspondents: Changes and Continuity at the Turn of the Century", e teria em seu "carrinho de compras" a quantia de $125 (USD), $25 (USD), pelo acesso a cada um dos cinco artigos.

Mas se o preço parece alto, existem alternativas, é possível alugar um artigo científico por 24h com valores que oscilam entre $1,99 (USD) e $12 (USD) ou optar pela compra de pacotes que dão direito à leitura de um determinado número de artigos por um preço mais baixo, por $9,99 (USD) ou $19,99 (USD) a depender da área.

Nesse shopping de artigos, a lei da oferta e da procura também funciona, artigos mais procurados têm valor mais elevado, assim como autores mais conceituados. Como determinam as estratégias de marketing, lançamentos são mais caros e artigos com mais de dois anos sofrem deflação, alguns chegam, mesmo, a entrar no espaço de liquidação, antes de serem liberados para os espaços de acesso gratuito. Grandes portais oferecem planos individuais e institucionais e descontos especiais para quem quiser voltar a ser assinante.

No site da DeepDyve-Search, Rent, Read é possível arrendar 40 artigos por $40 (USD) por mês, com a vantagem (sic) de poder manter os artigos alugados não utilizados nos meses seguintes ("Unused rentals get rolled over", afirma o site). O site promete também varrer a DeepWeb, zona não indexada da Internet, onde supostamente se encontram artigos e pesquisas raros além dos chamados materiais proibidos (como manuais terroristas, pornografia, tráfico de pessoas e drogas, entre outros) e que merece a constante vigilância dos serviços de informação. Em resumo, o DeepDyveprotege (sic) o usuário que não precisa se arriscar a mergulhar nas águas turvas da "web invisível".

Ironias à parte, o mercado de artigos científicos vem se tornando cada vez mais rentável. Duas das maiores editoras de artigos científicos elevaram os preços de suas assinaturas on-line em mais de 145% nos últimos seis anos.

A crise promovida pelos paywall systems não atinge apenas os pesquisadores individuais. Recentemente, a universidade de Harvard publicou uma nota informando que não pode mais arcar com o custo da assinatura de revistas e portais científicos (cerca de 3,5 milhões de dólares por ano) e recomendou que seus pesquisadores passassem a publicar seus artigos em plataformas de acesso livre. Robert Darnton, diretor da Harvard Library, em entrevista ao jornalThe Guardian, disse que o custo da assinatura de uma revista científica, como o The Journal of Comparative Neurology equivale ao custo de produção de 300 monografias (verhttp://www.theguardian.com/science/2012/apr/24/harvard-university-journal-publishers-prices).

Um movimento chamado "primavera acadêmica", uma analogia à chamada "Primavera Árabe", capitaneado pelo matemático e pesquisador de Cambridge, Tim Gowers, prega um boicote à principal editora de publicações científicas, a Elsevier. O movimento conta com um site, o The Coast of Knowledge(http://thecostofknowledge.com/), em que os pesquisadores podem declarar o seu boicote e optar por publicar apenas em plataformas de acesso livre. O grupo também se recusa a atuar como parecerista para qualquer tipo de publicação que cobre por acesso, numa estratégia que pode desmontar os sistemas baseados na avaliação do tipo peer reviewed.

As três maiores editoras da área, ElsevierSpringer e Wiley, detêm mais de 20.000 publicações científicas e representam 42% de todos os artigos publicados no mundo e o lucro das três somam alguns bilhões de dólares.

Submeter artigos para a publicação em alguns periódicos também implica no pagamento de taxas. A pressão para que os pesquisadores tenham seus trabalhos publicados abriu um novo nicho de mercado; o preço para publicar artigos em algumas revistas chega a $5.000 (USD), como é o caso da revista Cell Report, que destaca: "To provide open access, expenses are offset by a publication fee of $5000 (USD) that allows Cell Reports to support itself in a fully sustainable way. This publication charge is the only fee that authors pay" (grifo meu). O valor da taxa é superior à maior parte dos salários mensais pagos a professores universitários no Brasil. A Cell Reportnão cobra pelo acesso aos artigos, inserindo-se no rol das publicações do tipo open acess.

Algumas publicações exigem pagamento mesmo para artigos que forem rejeitados, sob o argumento de que os pareceristas são remunerados para fazer a avaliação dos artigos. A remuneração varia, em média, entre $32 e $400 (USD), para cada artigo avaliado.

De todo modo, as contas não fecham. Os custos com impressão emoffset não se justificam numa era em as publicações são majoritariamente baixadas pela web, os custos administrativos alegados e com os pareceristas também não justificam o fato de um artigo de vinte páginas custarem quase o dobro de um livro de cem páginas. Se a lógica fosse essa, as editoras já teriam fechado as suas portas.

O chamado "fator impacto" determina o "preço do prestígio", fazendo com que os pesquisadores invistam no pagamento para publicar, ameaçados pela pressão do "publicar ou perecer". Recentemente, quatro periódicos brasileiros foram punidos pela Thomson Reuters e suspensos do ranking por um ano, em virtude da aplicação de um algoritmo que fazia elevar o "fator de impacto" através do aumento do número de citações, fator este que é considerado nas avaliações de jornais científicos.

Em uma era marcada pela Web 2.0 e sua perspectiva de produção colaborativa, o mundo acadêmico parece sucumbir à lógica capitalista do lucro, monetizando a ciência e a produção do conhecimento.

*Lilian Cristina Monteiro França é professora/doutora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe (DCOS/UFS).

terça-feira, 6 de agosto de 2013

LANÇAMENTOS







Sobre os livros
Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo./Rogério Haesbaert. (Org.). – 2. ed. revista e atualizada– Niterói: Editora da UFF; Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 2013. 218 p. : il.


Inclui bibliografia
ISBN 978-85-228-0888-5



Sumário
  • Apresentação, 7
  • Rogério Haesbaert
  • Os dilemas da globalização – fragmentação, 11
  • Rogério Haesbaert
  • Estados Unidos: ainda a potência dominante no século XXI?, 55
  • João Rua
  • União Europeia: transformações, crises e desafios da integração regional, 87
  • Jorge Luiz Barbosa
  • China na nova dinâmica global-fragmentadora do espaço geográfico, 113
  • Rogério Haesbaert
  • O japão num mundo em busca de sentido, 137
  • Ivaldo Lima
  • América Latina e a colonialidade do poder, 167
  • Carlos Walter Porto-Gonçalves
  • Pedro de Araújo Quental
  • África: integração e fragmentação, 193
  • Cristina Pessanha Mary
  • Os autores, 219

Apresentação

Esta coletânea tem como objetivo principal fornecer a professores, estudantes, pesquisadores e ao público em geral (já que trata de temas de grande atualidade) uma análise geográfica crítica do mundo contemporâneo, tanto em uma perspectiva ampla, focalizando os processos de globalização e fragmentação em sua manifestação conjunta, quanto numa escala de regionalização, seja focalizando regiões de extensão continental como a América Latina, a África e a União Europeia, seja de extensão nacional, como os Estados Unidos, a China e o Japão. Essa escolha e/ou divisão, embora não tenha obedecido a um critério comum explícito, levando em conta, sobretudo, a qualificação de cada autor com a temática, acabou cobrindo grande parte daqueles espaços considerados estratégicos na conformação da nova des-ordem mundial. Se Estados importantes como Índia e Rússia não são contemplados, estão presentes as três maiores economias nacionais mundiais, ao lado da União Europeia: Estados Unidos, China e Japão. No contexto dos espaços ditos periféricos, a escolha de América Latina e África se justifica por se tratar dos únicos conjuntos continentais considerados, em sua totalidade, componentes de periferias mundiais (com toda a sua diversidade e suas contradições internas).
Este livro é resultado de vários anos de investigação na área de Geografia Regional (para alguns, “do Mundo”, pela referência primeira à escala global), envolvendo pesquisadores do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (cinco docentes: Rogério Haesbaert, Jorge Luiz Barbosa, Ivaldo Lima, Carlos Walter Porto-Gonçalves e Cristina Pessanha Mary, e o mestre e doutorando do Programa Pedro Quental) e o geógrafo João Rua, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, convidado por sua reconhecida produção sobre a realidade norte-americana. O estudo desses contextos regionais do mundo, embora não tenha representado propriamente um objeto exclusivo em nossas linhas básicas de pesquisa, envolveu, em maior ou menor grau, durante vários anos, cada um dos autores. Alguns, como no caso dos Estados Unidos, China e América Latina, com publicação de livros que também focalizaram a temática; outros, com longo tempo de abordagem, sobretudo em sala de aula, às regiões ou países aqui trabalhados.
O projeto inicial deste livro foi moldado ainda na década de 1990 e resultou na sua primeira edição, publicada pela Editora da Universidade Federal Fluminense, em 1998. Como afirmávamos na primeira edição, o trabalho adquire um caráter coletivo na medida em que todos os textos foram lidos e, muitas vezes, comentados por cada um de seus autores. A individualidade e a própria forma de estruturação de cada texto, com a definição de suas problemáticas centrais, entretanto, ficou totalmente a cargo de cada pesquisador. Nos capítulos, mantiveram-se os autores da primeira edição, com exceção do capítulo sobre a América Latina, que, na primeira edição, fora de autoria de Márcio Piñon de Oliveira e agora foi escrito por Carlos Walter Porto-Gonçalves e Pedro Quental. Aproveitamos para reiterar nossos agradecimentos ao colega Márcio por sua reconhecida contribuição à primeira edição.
Esta reedição foi completamente revista, incluindo modificações de fundo que resultaram na alteração de títulos e na ampla reconstrução de capítulos. Manteve-se, contudo, o mesmo objetivo original de fornecer uma análise geográfica suficientemente ampla, capaz de cobrir alguns dos principais territórios (Estados-nações hegemônicos e configurações econômico-políticas como a União Europeia) e/ou regiões (caso de América Latina e África) do mundo contemporâneo, alterando-se apenas, nesse sentido, o enfoque sobre Rússia e China. Nesta versão, por força da dificuldade em analisar as intensas transformações sofridas por esses dois contextos nacionais, optamos por focalizar apenas a realidade chinesa, fundamental na atual reconfiguração da chamada nova ordem mundial.
O primeiro artigo, de caráter introdutório e geral, por isso mesmo mais extenso, intitulado “Os dilemas da globalização-fragmentação”, é uma versão revista e substancialmente ampliada de “Globalização e Fragmentação do Mundo Contemporâneo”, texto que, com o mesmo título deste livro, constituiu o primeiro capítulo de sua primeira edição. Além da ampliação de debates anteriores, acrescentamos dois novos tópicos: “Uma globalização da in-segurança e da ‘exceção’” e “A reconfiguração do Estado sob a globalização”, incorporando assim a temática da insegurança, tão evidente nesta última década, e a complexa transformação da figura do Estado em meio à ebulição econômica destes novos tempos.
Os capítulos seguintes focalizam espaços específicos do atual contexto de globalizaçãofragmentação, alguns partindo de uma abordagem geo-histórica mais elaborada, outros centralizados diretamente numa questão marcante da contemporaneidade. Alguns, como no caso de Estados Unidos (João Rua), China (Rogério Haesbaert) e Japão (Ivaldo Lima), discutem tanto a inserção desses países na nova “des-ordem” mundial quanto suas contradições geográficas internas, enfatizando especialmente a criação de uma “Região do Pacífico” e, em nível interno, as desigualdades socioeconômicas de cada um desses contextos nacionais.
No caso da União Europeia (Jorge Barbosa), privilegia-se a discussão do próprio processo de unificação e suas inúmeras contradições. A América Latina (Carlos Walter Porto-Gonçalves e Pedro Quental) é focalizada a partir da colonialidade de sua construção histórico-geográfica e da atual reconfiguração territorial diante de megaprojetos de infraestrutura como os da IIRSA. A África (Cristina Mary), por sua vez, é tratada no complexo jogo entre fragmentação e integração, com uma abordagem geo-histórica que desemboca na diversidade de sua composição regional contemporânea.
Assim, esperamos oferecer, com este trabalho, diferentes contribuições – e estímulos – à área dos estudos regionais “do mundo” na Geografia brasileira, principalmente tendo em vista as intensas transformações efetivadas nas últimas décadas e que nos exigem olhares atentos para conhecer e avaliar os complexos contextos geográficos em escala internacional.

Ordenamento territorial e ambiental


Coletânea que pretende contribuir para a compreensão da produção, organização e apropriação do espaço social.
Segundo livro da Coleção Espaço, território e paisagem, editado pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense. A coletânea reúne diferentes reflexões críticas que opera em distintas escalas de análise e em distintos vieses de abordagem do território, na busca pela compreensão da produção, organização e apropriação do espaço social. “Nesse sentido, o tema do Ordenamento perpassa de maneira diversa os trabalhos publicados nesta obra. Cabe lembrar que a ideia de ordenamento não se restringe a seu sentido lato, qual seja: colocar em ordem o mundo da vida com a instrumentalização do território. Mas sim de outro modo de pensar e realizar as contraordens: ato que envolve a reprodução social e suas múltiplas dimensões, desde sua base físico-ecológica até as representações construídas sobre o espaço a partir de conflitos sociais, abrangendo desde as práticas culturais e políticas aos condicionantes econômicos e históricos.” (Os organizadores).
Sumário:
Apresentação
Parte I Ordenamento Territorial Urbano-Regional
Capítulo 1
Ascensão e crise de um espaço disciplinar: o complexo CSN – Volta Redonda e a metamorfose da sociedade do trabalho no Brasil, por Ruy Moreira
Capítulo 2
Capitalismo e morfologia urbana na longa duração: Rio de Janeiro (séculos XVIII-XXI), por Nelson da Nóbrega Fernandes
Capítulo 3
Cidade “i-mobilizada”: contenção e contornamento como estratégias territoriais de controle, por Rogério Haesbaert
Capítulo 4
Da habitação como direito ao Direito à Morada: um debate propositivo sobre a regularização fundiária das favelas da cidade do Rio de Janeiro, por Jorge Luiz Barbosa
Capítulo 5
Política urbana e cidadania na metrópole Rio: o Caminho Niemeyer em Niterói como estratégia de revitalização, por Márcio Piñon de Oliveira
Capítulo 6
Expansão do processo de acumulação de capital flexível no espaço agrário brasileiro, por Jacob Binsztok
Capítulo 7
A rede política territorial do Grupo Amaggi, por Carlos Alberto Franco da Silva
Parte II Ordenamento Territorial Ambiental
Capítulo 8
Rios desnaturalizados, por Sandra Baptista Cunha
Capítulo 9
Geografia da Paisagem e ordenamento ambiental, por Raúl Sánchez Vicens
Capítulo 10
A poluição atmosférica e o transporte rodoviário na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por Jorge Luiz Fernandes de Oliveira Carlos Eduardo Fontarigo Migão
Capítulo 11
A desertificação como consequência da degradação ambiental, por Flávio Rodrigues do Nascimento
Capítulo 12

Os focos de calor e os incêndios em unidades de conservação brasileiras no ano de 2010, por Luiz Renato Vallejo