domingo, 28 de fevereiro de 2010

Calor prejudica rendimento de estudantes


Esta segunda-feira (22) foi o primeiro dia de aula para milhões de brasileiros, e a recepção que esses alunos e professores tiveram não foi exatamente a ideal.

Nova série, novos colegas e uma novidade também no material escolar: uma toalha, para enxugar o rosto uma, duas, várias vezes. “É muito quente, muito calor”, diz um estudante.

Na hora de ir para a sala, parte dos alunos de uma escola pública no Rio teve sorte. A aula é com ar condicionado, mas o suor não para. É que, mesmo com a refrigeração, a temperatura na sala é de quase 32ºC. Na outra sala, os lugares mais disputados são perto do ventilador. E a classe está barulhenta.

Quando a temperatura sobe, o professor já sabe que o rendimento da turma pode cair. A capacidade de concentração diminui, e o aluno tem mais dificuldade para fixar o conhecimento.

“Eles ficam mais agitados, não compreendem muito e não conseguem participar muito das aulas”, comenta a professora Cíntia Azara.

As aulas começaram quentes em quase todo o país. Em Aracajú, os estudantes improvisam leques e estão dispersos e incomodados. “Sinceramente, está insuportável, é muito calor mesmo. As salas são muito abafadas”, critica uma estudante.

O aluno do Maranhão lembra que o pior momento é depois das brincadeiras no pátio. “A gente vem do recreio e fica muito suado”, diz um menino.

Estudos comprovaram que temperaturas acima dos 30ºC diminuem um terço da nossa capacidade intelectual. E com o suor vão embora substâncias importantes. “Você fica com preguiça”, declara um adolescente.

O médico recomenda: “o ideal é que esses alunos ingerissem, no mínimo, 1,5L de água por dia e que a alimentação fosse baseada em frutas e produtos à base de soja, porque repõem esses sais minerais perdidos com as altas temperaturas e fica mais fácil a digestão”, explica o endocrinologista Tercio Rocha.

Os alunos de Goiânia levam garrafas com água para a escola. No Rio de Janeiro, tem fila nos bebedouros. E as aulas vão seguir, com várias interrupções. “Eu peço direto para ir ao banheiro molhar o cabelo e beber água, porque não dá”, diz um estudante.

O estudo que mostra os efeitos do calor na aprendizagem dos estudantes é da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

Jornal Nacional - Rede Globo Globo.com 22/fev/2010

Pesquisa mostra a interferência do sono no rendimento de estudantes


Relação entre os padrões de sono, sonolência e desempenho nos estudos foi tema de pesquisa de doutorado desenvolvida na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP)

De acordo com o estudo, apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a dupla jornada - profissional e acadêmica - interfere negativamente no tempo que estudantes universitários dedicam às aulas. Além disso, as mulheres apresentaram maiores níveis de sonolência no período da manhã do que os homens.

Mulheres têm maiores níveis de sonolência quando comparadas aos homens. A tese de doutorado "O trabalho de jovens universitários e repercussões no sono e na sonolência: trabalhar e estudar afeta diferentemente homens e mulheres?", da bióloga Roberta Nagai Manelli, mostra que os universitários que trabalham de dia e estudam à noite apresentam redução no tempo de sono nos dias úteis e têm "rebote de sono" aos finais de semana.

Segundo a pesquisadora, 82 alunos - entre 21 e 26 anos - do período noturno da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP participaram do estudo. Por sete dias consecutivos, os alunos utilizaram um equipamento chamado actímetro, que é um acumulador de dados capaz de detectar os momentos de repouso (sono) e vigília ao longo das 24 horas do dia.

"Durante os dias de trabalho, os estudantes têm um 'dia longo', pois acordam muito cedo por causa do trabalho e dormem muito tarde devido à vida acadêmica. Com essa dupla jornada, eles apresentam expressiva redução no tempo de sono, o que pode influenciar negativamente o desempenho acadêmico, no trabalho e no tempo livre que dispõe durante a semana. Os universitários que têm jornadas de trabalho mais longas foram aqueles que mais faltaram às aulas, comprometendo o desempenho acadêmico", explica Roberta.

Foi observado que os estudantes que trabalham dormem, em média, de cinco a seis horas por noite. Segundo Roberta, não é possível dizer se é uma média baixa, pois isso depende de cada um. "Há pessoas conhecidas como 'grandes dormidores', que precisam dormir mais de oito ou nove horas por noite e existem também os 'pequenos dormidores', que precisam dormir bem menos do que oito horas", diz.

Entre os problemas que a redução de sono normalmente causa estão o alto nível de sonolência diurna e o aumento no tempo de reação, que pode estar relacionado a acidentes de trabalho, por exemplo. A longo prazo, os problemas causados pela sonolência podem ficar mais graves e desenvolver um distúrbio de sono e episódios de microssonos involuntários durante o dia, em que a pessoa dorme sem perceber enquanto está realizando alguma atividade.

Padrões de sono

Algumas diferenças foram verificadas nos padrões de sono da faixa etária estudada. A principal diferença está em relação à duração de sono e sonolência entre homens e mulheres. "Como já havia sido observado na literatura, a duração do sono das mulheres foi maior que a dos homens. Tanto nos dias de trabalho quanto nos finais de semana essa diferença foi em torno de uma hora. Alem disso, as mulheres apresentaram maior eficiência de sono. No entanto, ainda assim, as mulheres apresentaram maiores níveis de sonolência quando comparadas aos homens e maiores tempos de reação", explica Roberta.

Nos finais de semana foi observado o chamado "rebote de sono", no qual a duração de sono foi mais de 1,5 horas maior se comparada aos dias de trabalho. De acordo com Roberta, "os resultados da pesquisa mostraram que menores níveis de sonolência e tempos de reação mais rápidos foram observados nos finais de semana. Possivelmente, o aumento do alerta no domingo pode ser um reflexo de duas noites de sono em que os jovens puderam dormir o quanto desejavam. Por outro lado, não é possível afirmar que houve uma completa recuperação no fim de semana, pois neste estudo não foram incluídas questões sobre necessidade de sono ou de recuperação nos finais de semana".

Segundo a bióloga, há várias hipóteses para explicar essas diferenças observadas entre os sexos. "Entre as existentes podemos citar a maior necessidade de sono das mulheres, as diferenças biológicas e diferentes formas de lidar com o estresse causado pela dupla jornada trabalhar e estudar. Mas ainda são necessários outros estudos para melhor esclarecer as diferenças entre os sexos relativas ao sono", completa.

(Assessoria de Comunicação do MCT, com informações da Agência USP)

Projeto que exige nível superior para professores será votado pelo Senado


Formação de docentes para atuar na educação básica deverá ser de nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, diz a proposta

Já está incluído na Ordem do Dia do Plenário o Projeto de Lei da Câmara 280/09, que exige formação de nível superior para os professores da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio). De iniciativa do presidente da República, o projeto altera a Lei 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (LDB).

Pelo PLC, a formação de docentes para atuar na educação básica deverá ser de nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação.

De acordo com a proposta, será admitida, no entanto, a contratação de professores com formação mínima de nível médio para a educação infantil e as quatro séries iniciais do ensino fundamental, onde não existirem, comprovadamente, professores com nível superior. Essa proposta foi feita pela Câmara, que aprovou a matéria na forma de substitutivo.

A Câmara também retirou do texto original do Executivo o dispositivo do projeto que permitia ao Ministério da Educação estabelecer nota mínima no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como pré-requisito para ingresso em cursos de graduação para formação de docente.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse, na mensagem enviada ao Legislativo, que a proposição pretende "elevar a formação mínima exigida para docentes que atuem no ensino fundamental". A formação de nível médio, na modalidade normal, passaria, segundo o ministro, a ser admitida apenas para os professores que atuam na educação infantil.

"Trata-se de medida importante de valorização do magistério e que em muito contribuirá para a elevação da qualidade da educação básica, no nível de ensino fundamental", afirmou o ministro.

Princípios

O PLC também acrescenta dispositivo ao artigo 3º da LDB, que estabelece 11 princípios para que o ensino seja ministrado, entre os quais a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e o respeito à liberdade e apreço à tolerância. O projeto incorporou mais um princípio: a consideração com a diversidade ético-racial.

O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito aos estudantes com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Deverá ainda ser estabelecida educação infantil gratuita às crianças de até cinco anos de idade. O termo "educandos com necessidades especiais" foi modificado para "educandos com deficiência".

Atualmente, a LDB estabelece que a educação infantil seja oferecida em: creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; e pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. O projeto altera o último dispositivo, fixando o máximo de cinco anos de idade.

Emenda

A matéria recebeu uma emenda da senadora Fátima Cleide (PT-RO) na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Essa emenda determina que a formação inicial e continuada dos profissionais da educação básica, de responsabilidade de todos os sistemas de ensino, em regime de colaboração, deverá ser pautada por formação inicial com carga horária mínima de 400 horas para a prática de ensino ou estágio em atividades educativas.

A emenda de Fátima Cleide define também como deverá ser a formação continuada dos professores, incluindo cursos de nível médio, superior, tecnológicos, de graduação plena e de pós-graduação. Os cursos de formação inicial e de formação continuada que conferem habilitação profissional específica aos profissionais da educação, com exceção dos de formação em serviço, não poderão ser oferecidos na modalidade de educação à distância, conforme a emenda.

A senadora propõe também que a formação inicial e continuada dos docentes da educação básica poderá incluir programas de residência educacional, com duração mínima de 200 dias e 800 horas, destinada à consolidação de sua prática de ensino, a critério dos sistemas de ensino, com assistência técnica e financeira da União.

Helena Daltro Pontual / Agência Senado

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)