terça-feira, 23 de junho de 2009

LANÇAMENTO


Lançamento: Arranjos produtivos Locais do Turismo Comunitário: Atores e Cenários em Mudança.
Autores: Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano, Fábio Perdigão, Ana Matos, Humberto Marinho de Almeida e outros
Descrição: O livro apresenta resultado da investigação desenvolvida por pesquisadores do NETTUR/UECE, que buscaram compreender as políticas alternativas de turismo, investigando atividades econômicas, práticas políticas e valores culturais defendidos por comunidades que desenvolvem o turismo comunitário.
DIA 28/07/09 Horário: 19h30
ESPAÇO OBOÉ - Shopping Center Um lj 207

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Edgar Morin fal sobre violência, educação e complexidade


Para o filosófo Edgar Morin, "não podemos reduzir uma pessoa a seu ato mais negativo. O filósofo Hegel disse: se uma pessoa é um criminoso, reduzir todas as demais características de sua personalidade ao crime é fácil. Entender, não reduzir a uma característica má uma pessoa que tem outras característica, isso é a complexidade. Uma pessoa humana tem várias características, é boa, má e muito mais. Devemos entender que a palavra latina complexus significa tecido. Em geral, o nosso modo de conhecer que vem da escola nos ensina a separar as coisas, e não religá-las. A complexidade significa religar. Por exemplo: um evento, um acontecimento, uma informação. Quando chega uma informação sobre o que ocorre no Irã, por exemplo, devemos entender o contexto político, histórico, social. A complexidade busca favorecer uma compreensão maior que a compreensão que vem de se isolar a coisas, colocar o contexto, todos os contextos em uma situação".

domingo, 21 de junho de 2009

Aluno da UECE / FAFIDAM é o mais novo membro da Academia Limoeirense de Letras


O estudante José Silvestre da Costa Régis do curso de Letras da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), é o mais novo membro da Academia Limoeirense de Letras (ALL). Segundo o vice-coordenador do curso de Letras da FAFIDAM, prof. Júlio César, além do aluno José Silvestre, o prof. José Társio Pinheiro, desse mesmo curso, é também imortal da ALL, o que é motivo de orgulho para a comunidade acadêmica da UECE / FAFIDAM.
A Academia Limoeirense de Letras, no município de Limoeiro do Norte, a 203 km de Fortaleza, foi fundada no dia 16 de março de 2001. Desde que foi criada, ocupa o antigo casarão da família de José Osterne, construído em 1892, localizado na rua Cônego Bessa n° 1, em frente à praça da Igreja Matriz de Limoeiro. A ALL conta com 40 membros titulares, entre escritores, poetas, professores e demais segmentos da intelectualidade de Limoeiro do Norte

quarta-feira, 17 de junho de 2009

País é o que mais desperdiça aula com bronca


Docentes de escolas no Brasil gastam 18% do tempo das classes para manter disciplina; pesquisa abrangeu 23 países Antônio Gois escreve para a “Folha de SP”:Os professores brasileiros são os que mais desperdiçam com outras atividades o tempo que deveria ser dedicado ao ensino. No período em que deveriam estar dando aula, eles cumprem tarefas administrativas (como lista de chamada e reuniões) ou tentam manter a disciplina em sala de aula (em consequência do mau comportamento dos alunos).A conclusão é de um dos mais detalhados estudos comparativos sobre as condições de trabalho de professores de 5ª a 8ª séries de 23 países, divulgado ontem pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A pesquisa foi feita em 2007 e 2008.O resultado não surpreendeu Roberto de Leão, presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação. "Não li a pesquisa, mas é fato que muito do tempo do professor é roubado por tarefas que não deveriam ser dele. Ele precisa muitas vezes fazer a função de psicólogo, pai ou assistente social, já que todos os problemas sociais acabam convergindo para a escola."Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do movimento Todos Pela Educação, conta que, quando foi secretário de Educação em Pernambuco, vivenciou isso na prática."Fizemos uma pesquisa com o Banco Mundial que mostrou que boa parte do tempo do professor era para resolver questões que deveriam ser de responsabilidade de outros profissionais. Mas também detectamos que se perdia tempo com o professor falando de outros assuntos, em vez de tratar do conteúdo daquela disciplina."O relatório da OCDE mostra que a maioria (71%, maior percentual registrado) dos professores brasileiros começou a dar aulas sem ter passado por um processo de adaptação ou monitoria. A média dos países nesse quesito é de 25%.Os brasileiros também são dos que mais afirmam (84%) que gostariam de participar de cursos de desenvolvimento profissional. Esse percentual só é maior no México (85%).As informações foram colhidas em questionários respondidos por diretores e professores de escolas (públicas e privadas) selecionadas por amostra. No Brasil, 5.687 professores responderam ao questionário, aplicado em 2007 e 2008.Leão e Ramos concordam com o diagnóstico de que poucos professores passam por um processo de adaptação."Muitas vezes, o secretário tem que preencher logo as vagas após um concurso para não deixar alunos sem aula. É como trocar o pneu do carro em movimento, quando o ideal seria ter um tempo para preparar melhor o profissional que começará a dar aulas", diz Ramos.Esse problema se agrava com a constatação na pesquisa de que os professores brasileiros trabalham com turmas com número de alunos (32) acima da média (24). Apenas no México, na Malásia e na Coreia do Sul essa relação é maior.Eles também têm menos experiência em sala de aula do que a média -só 19% dão aula há mais de 20 anos; a média de todas as nações comparadas é 36%. Estão abaixo da média (89,6%) ainda no nível de satisfação com o trabalho: 84,7%, o quarto menor índice.DiretoresA pesquisa investigou a visão dos diretores sobre problemas que afetam o aprendizado. O Brasil fica acima da média em questões como absenteísmo de docentes, atrasos e falta de formação pedagógica adequada.Também foram listados problemas relacionados a alunos, como vandalismo, agressões ou trapaças no momento da prova. A indisciplina se mostrou um problema mundial. Na média dos países, 60% dos diretores afirmaram ter, em alguma medida, distúrbios em sala de aula provocados pelo problema. O México tem o maior percentual (72%); o Brasil tem exatamente o índice da média.Diretores brasileiros foram dos que mais relataram ter pouca ou nenhuma autonomia para contratar, demitir ou promover professores por seu desempenho em sala de aula. No Brasil, só 27% disseram que podem escolher os professores. A média dos países é de 68%.(Folha de SP, 17/6)

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Desertificação


Carlos Minc - Geógrafo e Ministro do Meio Ambiente


Apesar de significar um problema socioeconômico e ambiental de escala global, capaz de provocar impactos em aproximadamente dois bilhões de pessoas em todas as regiões do planeta, a desertificação é um tema que não tem recebido a devida atenção por parte dos Estados Nacionais e das instituições de cooperação internacional. Os esforços pela implantação de políticas nas regiões afetadas pela desertificação têm se mostrado débeis e desfocados das realidades dos países, principalmente na África. Em grande medida, porque a questão não conseguiu sensibilizar os países ricos e, consequentemente, as instituições financeiras quanto à gravidade do problema. A ausência de apoio internacional tem levado as nações a voltarem suas atenções para os temas onde há mais financiamento, o que deixou a desertificação num plano secundário nas agendas nacionais. No Brasil, o tema foi levantado já em 1949 pelo agrônomo José Guimarães Duque, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), em seu livro “Solos e Água no Polígono das Secas”. Naquela época, Duque já alertava sobre a ocorrência do problema em algumas partes do Nordeste semiárido e chamava a atenção para a necessidade do uso racional dos recursos naturais, com vistas a preservar a sua produtividade para as futuras gerações. “O desnudamento do solo não conduzirá o polígono a um deserto físico como o Saara, porém provocará os extremos metereológicos, a insolação aumentada, o calor excessivo, o ressecamento intenso e a erosão eólica que produzem cheias mais impetuosas, secas mais violentas e fazem minguar as fontes de produção, o que diminui a habitabilidade e o conforto, resultando , enfim, no deserto econômico” (Guimarães Duque, 1949). No entanto, as recomendações de Duque não foram incorporadas às políticas públicas brasileiras e acabaram esquecidas. Entretanto, o atual quadro das mudanças climáticas impele os países, assim como os órgãos internacionais de apoio ao desenvolvimento, a uma nova postura frente aos desafios ambientais e ao desenvolvimento das regiões secas do globo. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), os impactos das mudanças climáticas serão mais pronunciados nas regiões áridas e semiáridas do planeta. Estes locais estão sujeitos ao aumento da escassez de água e à frequência e intensidade de secas e desastres naturais. Para a América Latina, o IPCC prevê um aumento na temperatura média anual entre 2° e 6° C. A tendência é que, até 2050, a desertificação e a salinização afetarão 50 das terras agrícolas do continente. A “II Conferência Internacional : Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas”,representada pela sigla ICID+18, é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Governo do Ceará que resulta da estratégia de incluir as questões referentes às regiões secas nas discussões sobre o desenvolvimento global, de forma a fazer frente ao tratamento secundário dispensado a esses locais pelas instituições internacionais de apoio ao desenvolvimento. Pretende-se promover uma ampla divulgação e disseminação dos resultados da ICID+18, de forma que as regiões secas do planeta venham a ter um tratamento adequado nos fóruns internacionais, mais precisamente no âmbito da RIO+20. É imperativo levar em consideração o fato de que a situação vem se agravando em razão das terras secas concentrarem os grandes problemas de pobreza no mundo, os quais, associados a uma base frágil de recursos naturais e à pressão antrópica, têm intensificado os processos de desertificação. Este quadro leva a disputas pela terra e pela água, ocasionando ainda mais conflitos e migrações e acentuando a pobreza de grande parte da África, da Ásia e da América Latina. [OPOVO 16/06/2009]

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Com a palavra, a universidade, artigo de Gabriel Cohn


“Para muitos, ela ainda é um ente distante que não atende às necessidades sociais” Gabriel Cohn é professor aposentado da USP e ex-diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH. Artigo publicado no “Estado de SP”:- "Uma universidade cujo fundador lhe dá as costas não poderia mesmo dar certo." O comentário bem-humorado é alusão ao monumento que o visitante da Cidade Universitária em São Paulo encontra logo na entrada, como a saudá-lo. Trata-se da figura de Armando de Salles Oliveira, que empresta seu nome, como fundador, ao campus principal da USP.É claro que o autor da frase (o historiador Carlos Guilherme Mota) seria o primeiro a reconhecer que a USP deu muito certo, assim como tantas outras universidades no País, em especial no sistema público. Em princípio, é simpático que o fundador da USP esteja voltado para a sociedade com ar acolhedor e não de costas para ela, fitando seu território acadêmico com olhar severo.Entretanto, a ambiguidade permanece. Até porque ambos os lados se queixam de falta de consideração pelo outro. A questão sobre quem dá as costas para quem vale como mote para a reflexão sobre as relações da universidade em geral (não só esta ou aquela) e a sociedade.Nos últimos tempos os meios de comunicação vêm dedicando atenção a problemas no funcionamento de instituições políticas, em especial no Legislativo federal. Ao mesmo tempo, situações críticas internas na universidade ocupam o noticiário em São Paulo. É como se estivéssemos diante de duas instituições particularmente vulneráveis a desmandos, cada qual a seu modo.Com relação à universidade, isso com frequência se traduz em duas questões. Por que ela tem tanta dificuldade para resolver problemas internos relativamente simples? Por que ela, que reúne parcela importante da inteligência, se pronuncia tão pouco sobre as grandes questões nacionais? Em suma: por que ela é tão pouco eficiente quando se volta para si própria e ao mesmo tempo é tão indiferente ao que se passa lá fora, na sociedade mais ampla? Na realidade, a universidade não está, de modo algum, de costas para a sociedade ou indiferente a ela. Mas é certamente verdade que ela se descuida da comunicação com o mundo a seu redor. Em consequência disso, pouco faz para demonstrar ao cidadão comum o modo peculiar e inteiramente legítimo pelo qual se faz presente na sociedade à qual pertence. Cabe lembrar que é justamente esse cidadão comum que contribui para sustentar a universidade, com pagamentos diretos pelos serviços quando ela é privada e mediante impostos quando é pública. No caso das universidades públicas estaduais como as paulistas, é verdade que cada cidadão contribui. Mas o faz de modo que oculta e de certo modo perverte a natureza da sua contribuição. Se essa ocorresse mediante alguma forma direta de taxação (de preferência vinculada à renda, coisa difícil no âmbito estadual), poderia criar-se uma clara percepção do montante e do significado dessa contribuição. Quando, no entanto, ela se faz indiretamente, mediante parcela de imposto embutido no preço das mercadorias, todos participam sem saber como nem por quê. Isso gera afastamento entre a universidade e a cidadania.A universidade pública e gratuita corre o risco de ser vista quer como favor, quer como encargo do qual se preferiria escapar. O que não ocorre, para grande perda de todos, é o desenvolvimento no interior da sociedade de uma concepção propriamente pública da universidade como algo valioso, do qual faz pleno sentido participar, ainda que sem benefícios diretos. Voltemos, entretanto, a esse teatro de sombras em que se movem a universidade e a sociedade. Tudo indica que as expectativas recíprocas estão mal calibradas. Como cada lado tende a entender mal seu interlocutor (até porque não lhe é externo: ambos estão entrelaçados), acaba por também não conseguir clareza com relação ao que cabe a si próprio na relação.A universidade desenvolve surtos periódicos de autoflagelação, na qual se acusa em dose dupla daquilo que seus adversários lhe atribuem: incapacidade de responder às necessidades sociais mais prementes, impermeabilidade, elitismo. Para amplos setores da sociedade, por sua vez, a universidade é um ente distante e abstrato, do qual não se sabe bem o que esperar ou exigir (exceto, talvez, a multiplicação de cursos e vagas estudantis).Somente um esforço conjunto pode conduzir à superação desse estado de coisas. Há ideias interessantes a respeito. Uma delas propõe que todo trabalho de pesquisa desenvolvido na universidade pública ou com apoio público (como a Fapesp) que se traduza em texto tipo tese deve gerar uma versão sintética, amplamente acessível e difundida para além do âmbito acadêmico. Nela, se esclareceria o tema, sua importância e para o que servem os resultados. É claro que este último item deve ser entendido de maneira ampla, para acomodar desde trabalhos tecnológicos até a contribuição ao conhecimento puro, que constitui precisamente a área na qual a universidade é imbatível e imprescindível.Para se ter ideia da escala em que um programa desse tipo operaria, tomo como exemplo a produção desse tipo em uma única escola da USP: a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. (O exemplo é bom também para mostrar que, ao contrário do preconceito, se trabalha muito nessa área.) Em 2008 essa escola, sozinha, produziu um total de 585 teses e dissertações (mais de 10 por semana). Este ano, já produziu um total de 253. Medidas como essa não seriam meros paliativos, muito menos ações de relações públicas. Elas permitiriam à sociedade mais ampla avaliar os rumos da pesquisa e da formação acadêmicas. Talvez servissem também para mobilizar o amplo contingente de ex-alunos ainda reticentes ao empenho voluntário em prol da instituição que os formou. Talvez, também, a universidade como um todo aperfeiçoasse os procedimentos para trazer de volta a ela a experiência adquirida pelos seus ex-alunos na vida profissional. Neste ponto, aliás, não me refiro apenas às histórias de sucesso, como também aos malogros para os quais deficiências na formação tenham contribuído. E quanto às dificuldades internas? Em poucas palavras, trata-se do seguinte. Pela sua própria natureza, a universidade absorve, indiscriminadamente e em ritmo que não lhe é próprio, tendências e dilemas da sociedade. Ela internaliza tensões externas e as soma aos seus descompassos internos. Isso gera um complexo de problemas que ela não está equipada para resolver.(Por exemplo, como uma instituição que tem no seu cerne a valorização do debate racional e livre lida com o conflito aberto e com a violência?) No caso limite, corre o risco de ficar à mercê de versões internas de conflitos externos, em crises agudas, mas sem substância para ela, que a expõem à sociedade pelo seu lado mais frágil e vulnerável e oculta o muito que tem de bom. Cabe à universidade explicar à sociedade o que legitimamente lhe cabe fazer para justificar o papel reservado a ela. Isso envolve um aprendizado mútuo, no qual a sociedade aprende a cobrar da universidade aquilo que só ela sabe fazer bem (a pesquisa de ponta e a boa formação) e esta aprende a exercer sua indispensável autonomia com plena abertura para seu entorno social. (O Estado de SP, 14/6)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

GARAPA e o Holocausto cearense


A sensação que se tem ao assistir o filme de José Padilha (Tropa de Elite; Ônibus 174), em cartaz desde maio, é dilacerante e no mínimo desconfortável. O Ceará visto em Preto & Branco é bem menos glamoroso e colorido que aquele vendido como sede da Copa de 2014. "Tenho 28 anos e nunca almocei, merendei e jantei num mesmo dia", revela um dos protagonistas de Padilha. O cotidiano das três famílias cearenses é acompanhado por um espectador angustiado que, assim como Josué de Castro, se revolta com tamanha falta de dignidade humana. A garapa de açúcar que compõe a dieta da pindaíba das diversas crianças no filme, longe de adoçar o que assistimos, duplica nossa sensação de impotência e indignação. Se o totalitarismo alemão exterminava em campos de concentração, hoje, condenamos as claras, milhões de homens, mulheres e crianças a morrerem lentamente de subnutrição. A negação de direitos fundamenais e o alcance limitado das políticas de segurança alimentar desvelam o ciclo de miséria difícil de se romper sem uma ação sistemática do poder público e da sociedade. Um filme que merece ser vsto por todos, sobretudo, nós cerenses. (Humberto Marinho)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Cai taxa de formação de doutores no país


Crescimento no número de titulados era de 15% ao ano em média no início da década e baixou para 6% de 2004 em diante. Só 24% dos professores das instituições de ensino superior possuem título; no ano passado, foram formados 10.711 doutores Eduardo Geraque escreve para a “Folha de SP”:A letra do zoólogo Paulo Vanzolini ilustra bem a situação do sistema de pós-graduação nacional: "De um lado tem maré alta, do outro praia de fora." O país rompeu a barreira simbólica da formação de 10 mil doutores em 2008. Segundo número ainda não divulgado pelo governo, 10.711 receberam o título. Porém, a taxa de aumento de titulados, que era de 15% em média ao ano no início da década, caiu para 6% de 2004 em diante - com uma tendência de alta no último ano.Dados mostram que a carência do setor acadêmico no Brasil continua enorme. De todas as instituições de ensino superior do país, entre particulares e públicas, só 24% dos professores são doutores.E há três anos, pelo menos, a taxa relativa mostra que o Brasil ainda está longe de alcançar o número de formação dos americanos. O resultado da divisão do número de titulados nos EUA pela quantidade anual de doutores brasileiros - um dos indicadores mais usados pelos estudiosos - está estagnado em 21%."É bastante preocupante", afirma Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP). O fato de o intervalo entre os dois países não diminuir, para o pesquisador e dirigente científico, impede que o Brasil se aproxime das estatísticas de países mais desenvolvidos.Apesar de considerar que as taxas de formação de doutores, mesmo em queda, estão altas, Eduardo Viotti, economista especialista em política científica, concorda que o número de professores universitários que possuem título de doutorado ainda é muito reduzido e precisa ser elevado. Ele é um dos autores de um estudo sobre ensino superior publicado pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) em 2008.O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, vê o quadro com mais naturalidade e com menos preocupação. "Não é possível que um sistema de pós-graduação cresça tanto por um tempo muito longo", disse ele à Folha.O Plano Nacional de Pós-Graduação do Brasil prevê para o fim do próximo ano a cifra de 16 mil doutores em um ano - número que dificilmente será atingido. Mas o titular do MCT sabe onde está um dos gargalos: a inovação brasileira, no setor privado, ainda não ocorre na velocidade desejada.FederaisMesmo com as particulares fora da conta, o número de doutores entre os professores do terceiro grau é baixo. Quando são analisadas apenas as universidades federais, por exemplo, a cifra é de 50%.Das 55 universidades federais que o Brasil tem hoje, 9 (16,3%) não poderiam ter mais esse nome se a discussão da reforma universitária, estagnada no Congresso há anos, já tivesse sido encerrada. Pelo Projeto de Lei, cada instituição deve ter pelo menos 25% de doutores no quadro de docentes para ser denominada "universidade".Em São Paulo, onde existem ilhas de excelência, a taxa média nas três universidades estaduais é de 93%. Nos EUA, que possui universidades mais voltadas para a pesquisa e outras focadas quase exclusivamente no ensino, as mesmas taxas ficam ao redor dos 73%.Jarbas Bonetti, professor e pesquisador na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), diz que a menor busca dos alunos por doutorado pode ter a ver com a maior dificuldade para a obtenção de bolsas e falta de perspectiva de emprego após conseguir o título.Já Adalberto Vieyra, coordenador de área da Capes e professor da UFRJ, diz que os programas de pós-graduação cresceram em número e tamanho, especialmente a partir de 2003. "Mas o corpo de orientadores qualificados, de formação demorada e cuidadosa, cresceu de forma muito lenta, passando de 32 mil para 35 mil."Segundo ele, o desafio não é só superar o fosso dos 0,6 doutores por 1.000 habitantes contra os 30 da Alemanha, por exemplo. "É preciso formar pessoas capazes de liderar a abordagem de complexos problemas nas fronteiras do conhecimento, no mesmo nível que nos países desenvolvidos."Para o consultor e ex-reitor da USP, Roberto Leal Lobo e Silva Filho, é importante aumentar a incorporação de doutores tanto na iniciativa privada, para a inovação, quanto no setor acadêmico.(Folha de SP, 8/6)

Formação de professor deve mudar para melhorar qualidade do ensino


Em debate nesta segunda-feira, Fernando Haddad e Paulo Renato Souza defendem políticas para a Educação Dois dos maiores nomes da educação brasileira dos últimos 15 anos, o atual ministro Fernando Haddad e o ex-ocupante da pasta e hoje secretário estadual Paulo Renato Souza acreditam que os cursos de formação de professores precisam mudar para que o ensino no país melhore. Eles participaram nesta segunda-feira de um debate sobre o tema, promovido pelo Grupo Estado.Haddad e Paulo Renato, no entanto, mostraram visões diferentes de como as mudanças podem ocorrer. "O Estado tem de assumir mais as prerrogativas de formação. As universidades estaduais e federais podem e devem formar mais e melhores professores", disse o ministro. Ele defendeu a reformulação dos currículos de cursos de Pedagogia e Licenciatura. Já Paulo Renato se disse mais cético quanto à possibilidade de promover tais reformas. Para o secretário da Educação de São Paulo, cursos de aprimoramento oferecidos depois da formação universitária podem ajudar a melhorar a preparação do professor. O Estado criou no mês passado a Escola de Formação de Professores, que vai oferecer cursos durante quatro meses para docentes aprovados em concursos. "A questão central é que os cursos para formar professores não dão um instrumental adequado para trabalho em sala de aula", diz Paulo Renato. Cerca de 250 pessoas - várias delas docentes - participaram do evento, que esgotou a capacidade do auditório. Elas se inscreveram pela internet e puderam fazer perguntas por escrito aos dois convidados. O vídeo com a íntegra do debate já está disponível na TV Estadão, no portal http://www.estadao.com.br.Na opinião do ministro, a formação dos docentes será o "cerne da educação brasileira na próxima década". "O tema constitui o maior desafio para a melhoria da qualidade da educação do nosso País", concordou Paulo Renato. Ministro e secretário também disseram que o aumento da quantidade de professores com curso superior no país não ajudou a melhorar a qualidade do ensino. Dados do primeiro censo completo do professor, divulgado no mês passado, mostram que 70% do 1,8 milhão de docentes da educação básica têm formação universitária."As faculdades de educação têm uma tradição de formar especialistas, se discute bastante teoria e história da educação, mas os conteúdos das disciplinas não são visto", afirmou o secretário. Para Paulo Renato, é "muito difícil" mudar essa vocação das instituições.Algo semelhante foi tentado em sua gestão no Ministério da Educação (1995-2002). A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) previa que fossem criados institutos superiores de educação apenas para formar professores, tirando essa atribuição das faculdades de Pedagogia e Licenciatura. "Foi uma questão muito debatida entre ministério e academia. Confesso que fui derrotado na minha tentativa de que esse modelo vingasse e acabamos aprovando uma resolução que deixou a questão em aberto." O ministro da Educação acredita que uma das maneiras de influenciar mudanças nos currículos seria a criação de uma prova nacional de admissão de professores, que já está sendo estudada no MEC. O exame cobraria didáticas e conteúdos considerados essenciais pelo governo federal que, como consequência, teriam de ser trabalhados nos cursos. "O Brasil responde muito bem à indução." O MEC também criou recentemente institutos federais que têm a obrigatoriedade de oferecer cursos para professores nas áreas de física, química, matemática e biologia. Além da má formação, o País enfrenta atualmente um déficit aproximado de 200 mil profissionais, principalmente nessas quatro áreas. SaláriosA falta de incentivos para a carreira de professores, principalmente financeiros, também foi discutida no debate. O ministro Fernando Haddad apresentou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) que comparam os salários dos professores ao restante dos profissionais do País com formação universitária. Em 2003, os profissionais com curso superior completo ou incompleto ganhavam 86% a mais que docentes brasileiros. Em 2007, essa diferença caiu para 61%. A média salarial dos professores é de R$ 1,3 mil. A comparação não levou em conta o novo piso salarial de professores no País. "Se mantivermos esse passo, em algum lugar no tempo entre 2014 e 2015 esses valores estarão equiparados", acredita. "A carreira do professor não pode estar em desvantagem em relação às demais. Vamos perder jovens vocacionados por causa de uma questão econômica."Respondendo a uma pergunta da plateia que mencionou que os cursos de formação de professores teriam "limitações intransponíveis", o ministro se disse otimista com relação a mudanças. "Os cursos de Pedagogia têm limitações transponíveis. Eu encaro com otimismo que as universidades vão se adequar a uma nova filosofia."Haddad e Paulo Renato divergem sobre bônusEm um debate marcado pelo tom cavalheiresco e pela confluência de opiniões sobre a educação brasileira, uma das poucas divergências disse respeito ao pagamento de bônus aos professores da rede pública paulista.Para o secretário estadual da Educação, Paulo Renato Souza, o programa segue uma tendência internacional e representa hoje a experiência mais ambiciosa nessa área no mundo. O ministro Fernando Haddad considerou injusto o pagamento com base no desempenho dos alunos, o que, na sua opinião, não retrata o comprometimento da escola com a melhoria do ensino.Paulo Renato disse que, em um universo de 223 mil professores e funcionários habilitados ao bônus em São Paulo, 195 mil receberam o benefício, entre eles 158 mil docentes.O secretário mencionou discurso feito em março pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em que ele falou da necessidade de parlamentares democratas deixarem de lado a resistência à remuneração de funcionários por desempenho, "o que sempre foi tratado como um tabu, especialmente pelos sindicatos". Mas admitiu que o programa precisa ser aperfeiçoado. Citou o caso de várias escolas consideradas as melhores da rede, que não alcançaram metas fixadas pela secretaria. O pagamento do bônus a servidores dessas unidades só foi decidido de última hora, não constava da proposta original. "É preciso reconhecer que as escolas boas puxam a média para cima.""Há escolas que não conseguem atingir as metas por questões alheias à sua vontade, o entorno prejudica mais o desempenho da escola que o que acontece dentro", rebateu Haddad. Ele falou do Plano de Desenvolvimento da Educação, que estabeleceu metas e premia unidades que as atingem com um reforço orçamentário. "As que não cumprem metas não são ‘punidas’ com o não recebimento do recurso, só que o repasse não é automático, a escola tem de apresentar um plano de trabalho."Metas adequadasHaddad rebateu críticas de que as metas do plano são muito baixas. Disse que, se elas forem cumpridas, em 15 anos o Brasil alcançará a média dos países desenvolvidos. "O contrário é que deve preocupar. Será que 15 anos é tempo suficiente para que nós alcancemos um patamar de desenvolvimento educacional que outros países levaram cem anos para atingir?" Paulo Renato concordou com o ministro. "O mais importante é que temos metas e as estamos perseguindo."Curso a distânciaA questão foi colocada num e-mail enviado ao moderador do debate pela ex-secretária da Educação Maria Lúcia Vasconcelos. Ela questionou se os cursos a distância não implicariam uma formação "ligeira". Haddad lembrou que, a rigor, não existem cursos a distância stricto sensu no País, porque a legislação, ao contrário da de outros países, exige uma carga horária presencial mínima."Conheço muitos cursos bons semipresenciais e muitos cursos ruins presenciais." Mesmo assim, o ministro disse que prefere cursos presenciais, porque o ambiente universitário permite uma formação mais ampla. Haddad afirmou que o ensino a distância pode ser um instrumento para a formação de "professores em serviço que estão muito distantes dos grandes centros".Paulo Renato concordou que o meio, nesse caso, é secundário. Citou a Open University, maior centro de formação de professores da Inglaterra, que, antes da internet, usava o correio como mídia."Em outros países com resultados bastante melhores que o nossos em matéria de aprendizagem dos alunos, a questão da formação de professores está muito centrada na prática, em estágios nas escolas, em que nos primeiros anos em que o professor é admitido na rede ele é supervisionado em seu trabalho diário", disse. "Esse para mim é um ponto mais importante do que simplesmente discutir se será presencial ou a distância."Atratividade da carreiraHaddad ressaltou a necessidade de "capilarizar mais a nossa rede de oferta de cursos de licenciatura." Ele destacou a criação de 38 institutos federais, antigos Cefets, centros de ensino técnico que têm de dedicar 20% do orçamento a quatro licenciaturas: física, química, biologia e matemática. "Esses cursos estarão em mais de 300 cidades", afirmou. "Aquela ideia de levar o jovem para a capital, formá-lo lá e imaginar que ele regressa ao município para dar aula tem de ser substituída por uma visão de que é a rede que tem de ir até o jovem e oferecer condições para que ele possa se formar com qualidade."Escola de formaçãoRecém-criada, a escola de formação de professores de São Paulo dará cursos de quatro meses a candidatos aprovados em concurso público. A aprovação nesse curso será obrigatória para o ingresso na carreira. Paulo Renato abordou o tema a partir da um questionamento da plateia: o concurso, por si só, não é já o fator de seleção?"Esse curso de quatro meses será parte do concurso", argumentou, afirmando que o objetivo da escola é focar na "prática da sala de aula, tanto na questão dos conteúdos como na didática específica de cada disciplina". O secretário disse que essa forma de dupla seleção, por concurso e escola de formação, já é adotada em várias carreiras públicas, como as do Itamaraty. Pelo raciocínio de Paulo Renato, o concurso avalia de o professor tem formação adequada e o curso o prepara para a realidade das salas de aula da rede. "É uma preparação muito mais prática do que teórica."Eleições e educação"A temperatura vai aumentar e é natural que isso seja assim", afirmou Haddad. Ele disse que os prováveis candidatos à sucessão presidencial têm "grande maturidade política, sabem as dificuldades de estabelecer um sistema de ensino de qualidade". Haddad disse que o país tem sido, de certa forma, ambicioso nas suas metas para a educação."Ainda somos um país de renda per capita intermediária, estamos tentando nos aproximar de países com quatro, cinco vezes a nossa renda per capita", afirmou. "Todos os candidatos saberão abordar adequadamente o tema, que é complexo, exige políticas de Estado, perseverança e se, em algum momento, alguém sair do script previsto, não faltarão assessores para reorientar o bom curso da discussão."Paulo Renato comentou que no governo Luiz Inácio Lula da Silva, depois de tentativas de mudanças mais radicais, houve a confluência para uma política coerente "com o que se fazia" na gestão Fernando Henrique Cardoso. Ele destacou a importância de movimentos da sociedade civil, como o Todos pela Educação. "Chegamos a um certo consenso do que deve ser feito."(O Estado de SP, 9/6)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Educação básica: qualificação ou "burnout"?, artigo de Rudá Ricci




“Para quem não vive o cotidiano das escolas públicas de ensino básico, o problema central não aparece: a total falta de tempo e a sobrecarga de trabalho dos professores” Rudá Ricci, sociólogo, doutor em ciências sociais, é consultor do SindUTE-MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) e do Sinesp (Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo). Artigo publicado na “Folha de SP”:Algumas opiniões divulgadas largamente na grande imprensa criam a falsa impressão (para os leitores, já que pesquisas recentes indicam que a grande maioria dos brasileiros não compartilha dessa análise) de que o problema central da educação básica é a baixa qualificação dos professores. Esquecem-se dos milhões de dólares investidos nos anos 90 a partir de acordos com o Banco Mundial, carreados para amplos programas de qualificação desses educadores. Os recursos não foram poucos, oscilando ao redor de US$ 100 milhões em programas estaduais que deslocaram professores para uma imersão em longas programações que ocorreram em hotéis confortáveis sob a orientação de consultorias particulares, como foi o caso na reforma educacional no Espírito Santo, para citar um exemplo. Para quem não vive o cotidiano das escolas públicas de ensino básico, o problema central não aparece: a total falta de tempo e a sobrecarga de trabalho dos professores. Os professores de ensino básico não têm tempo para se prepararem ou acolher os novos projetos que os transformam em meros executores. A qualificação, então, surge como saída fácil, assim como a premiação por desempenho de alunos. Carta que a professora Áurea Regina Damasceno enviou recentemente à secretária municipal de Educação de Belo Horizonte insurge-se contra esses palpites porque revela o cotidiano das salas de aula. Por esse motivo, já está se tornando um best-seller na internet. A seguir, reproduzo uma passagem dessa carta. "Hoje, dia 19 de março de 2009, vou mais um dia para a escola, (...) busco entusiasmo não sei onde, entro para a sala de aula e inicio repetindo o que tenho falado com os alunos desde o primeiro dia de aula: coloquem o material escolar sobre a mesa e guardem a mochila debaixo da carteira ou dependurada no encosto da cadeira (muitos se deitam, durante a aula, na mochila para dormir ou se escondem atrás dela para dar gritos ensurdecedores sem motivo algum ou para atirar bolinhas de papel enfiadas no corpo das canetas esferográficas). Essa atividade demanda mais ou menos uns 20 minutos, pois metade da sala não ouve ou finge que não ouve, continua a correr pela sala, está virada para trás conversando, está subindo nas bancadas sobre as janelas e de lá pulando de cadeira em cadeira e outros tantos estão a olhar no vazio, sem nada fazer."A professora Áurea é doutora em educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). A carta continua e parece o roteiro do filme "Entre os Muros da Escola" (2008), de Laurent Cantet. Recentemente, o Sinesp patrocinou uma pesquisa com diretores e especialistas da rede de ensino municipal da capital paulista. Para a maioria, os principais problemas relacionados às condições de trabalho são: acúmulo de funções, demanda burocrática e falta de equipamentos. É recorrente a crítica às demandas sempre urgentes, sem planejamento ou repetidas que os órgãos superiores do sistema educacional impõem regularmente. O principal problema de saúde apontado (31% das respostas) é estresse/depressão. A situação se reproduz em diversas outras pesquisas realizadas pelo país. O SindUTE-MG realizou em Minas Gerais pesquisa com professores da rede estadual de ensino básico e constatou o mesmo que em São Paulo. O nome desse fenômeno é síndrome de "burnout". Originário do inglês "burn out" [queimar-se no fogo], significa a síndrome da estafa profissional. Ela foi descrita pela primeira vez pelo psicólogo H. J. Freudenberger, em 1974, para descrever um sentimento de fracasso e exaustão. Essa síndrome constitui um quadro bem definido, caracterizado por exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. A exaustão emocional representa o esgotamento dos recursos emocionais do indivíduo. A UnB (Universidade de Brasília) já constatou esse fenômeno que acomete professores do ensino básico do nosso país. Assim, parece urgente um mergulho no mundo real da educação básica para que afastemos opiniões que não conseguem ser algo mais que meros palpites, sem base científica.A carta da professora Áurea revela que, mesmo sendo doutora, não tem as condições mínimas para fazer valer esse título. A reorganização do tempo e das condições básicas de trabalho é a pauta urgente do momento. Menos turmas por professor, apoio multidisciplinar e tempo para se recompor num trabalho tão intenso é o mínimo que se pode exigir. (Folha de SP, 4/6)

Doutores recém-formados terão financiamento para pesquisa em áreas estratégicas


Investimento previsto é de R$ 17,1 milhões O Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Capes, e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio da Finep, lançaram o Edital do Plano Nacional de Pós-Doutorado (PNPD). O plano é um programa estratégico para garantir a incorporação de pesquisadores altamente qualificados na atividade econômica brasileira, uma das ações da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que retoma a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) e a Lei de Inovação.A meta do programa é financiar pesquisas de doutores recém-formados em áreas estratégicas inseridas na PDP. Programas de pós-graduação reconhecidos pela Capes e vinculados a instituições de ensino superior (IES), centros ou institutos de pesquisa e empresas de base tecnológica poderão encaminhar projetos de pesquisa que visem ao ingresso de recém-doutores. A data-limite para submissão de propostas é dia 10 de julho.Os projetos devem atender a, no mínimo, um dos seguintes princípios norteadores: estar relacionados à inovação e ao incremento da cooperação científica com empresas; objetivar a formação de recursos humanos em projetos de inovação ou treinamento em áreas tecnológicas; resultar em aumento da competitividade das empresas de base tecnológica, em consonância com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP); aumentar qualitativa e quantitativamente o desempenho científico e tecnológico do país; apoiar grupos de pesquisa qualificados para dar suporte à competitividade internacional da pesquisa brasileira; contemplar a inovação, ter relevância regional ou estar inserido em uma política de desenvolvimento local; e, resultar em adensamento tecnológico e dinamização de cadeias produtivas.O investimento da Capes/Finep previsto neste edital é de R$ 17,1 milhões. Cada projeto poderá ter até três bolsistas. Os itens financiáveis são: bolsa mensal de R$ 3,3 mil e R$ 12 mil anuais, por bolsista, para compra de material de custeio.Os projetos apoiados pelo Edital PNPD/2009 terão duração de até 60 meses. A seleção, implementação e gerenciamento dos projetos serão realizadas pela Capes. Informações adicionais podem ser obtidas pelo e-mail: pnpd_inscricao2009@capes.gov.brVeja o edital em: http://www.capes.gov.br/editais/abertos/2782-pnpd(Assessoria de Comunicação da Capes)