sexta-feira, 12 de junho de 2009

GARAPA e o Holocausto cearense


A sensação que se tem ao assistir o filme de José Padilha (Tropa de Elite; Ônibus 174), em cartaz desde maio, é dilacerante e no mínimo desconfortável. O Ceará visto em Preto & Branco é bem menos glamoroso e colorido que aquele vendido como sede da Copa de 2014. "Tenho 28 anos e nunca almocei, merendei e jantei num mesmo dia", revela um dos protagonistas de Padilha. O cotidiano das três famílias cearenses é acompanhado por um espectador angustiado que, assim como Josué de Castro, se revolta com tamanha falta de dignidade humana. A garapa de açúcar que compõe a dieta da pindaíba das diversas crianças no filme, longe de adoçar o que assistimos, duplica nossa sensação de impotência e indignação. Se o totalitarismo alemão exterminava em campos de concentração, hoje, condenamos as claras, milhões de homens, mulheres e crianças a morrerem lentamente de subnutrição. A negação de direitos fundamenais e o alcance limitado das políticas de segurança alimentar desvelam o ciclo de miséria difícil de se romper sem uma ação sistemática do poder público e da sociedade. Um filme que merece ser vsto por todos, sobretudo, nós cerenses. (Humberto Marinho)

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