sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O PORQUÊ DA GREVE DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS AGORA

29 agosto 2014

Coletiva de Imprensa – SINDUECE, SINDIUVA e SINDURCA

As seções sindicais do ANDES-SN (SINDUECE, SINDIUVA e SINDURCA) deram uma coletiva de imprensa ontem (28/08) pela manhã no comitê de imprensa da Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE) na qual pontuaram a possibilidade real de retomarem a greve suspensa em janeiro de 2014, devido ao rompimento unilateral do acordo firmado com o governador Cid Gomes.
Os docentes se pronunciaram para explicar à sociedade cearense em geral e as comunidades acadêmicas a qual pertencem em particular que apesar das tentativas de diálogo com o Governador Cid Gomes e com o Secretário de Ciência e Tecnologia (SECITECE) Renê Barreira, as negociações foram paralisadas pelo fato do governador não cumprir com o restante da pauta emergencial negociada no início deste ano.
Os pontos graves não negociados pelo governo e exigidos pelos docentes são:

1- Concurso Público para Professor Efetivo – os docentes afirmam que as universidades estaduais cearenses tem um enorme contingente de professores substitutos contratados por no máximo 2 anos e que ganham cerca de 40% do salário do professor efetivo desenvolvendo as mesmas atividades. Muitos desses docentes pela precariedade do trabalho e do salário têm outros empregos, fato que prejudica a dedicação integral a universidade. Além desse problema, esses professores são impedidos de realizarem pesquisa, extensão e de assumirem cargos na gestão da universidade devido à especificidade de serem funcionários terceirizados. Essa realidade se constitui em degradação e aviltamento da docência no ensino superior público conforme os sindicalistas expressaram. Frente a esse quadro, os representantes sindicais exigem do governador o concurso público para professor efetivo para as 03 universidades estaduais cearenses que necessitavam até dezembro de 2013 um total de 577 docentes.

2- A tramitação imediata da minuta de lei de ascensão para classe de “Professor Associado” constante no Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV) dos docentes aprovado desde 2008. De acordo com os representantes sindicais este foi o único item da regulamentação do PCCV que o governador Cid Gomes vetou para aprovação da Assembleia Legislativa já que as outras leis de Dedicação Exclusiva, Regime de Trabalho e Afastamento para pós-graduação foram aprovadas. Os docentes afirmaram que nenhuma explicação plausível foi dada a eles sobre esse veto, fato que causa perplexidade na categoria. A não aprovação desse importante item do PCCV vem causando, além dos enormes prejuízos financeiros aos docentes que fazem jus a essa gratificação, a preocupação sobre a necessária ascensão funcional que a lei possibilita a todos os docentes, pois quanto mais tempo passa sem a aprovação da lei, mais docentes terão o direito de ascender a esse nível.

3- Reforma e ampliação da infraestrutura da Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI) com o inicio imediato das obras. Bem como, a abertura do Curso de graduação em Ciências Sociais garantindo já no concurso para professor efetivo que haverá, as vagas dos docentes que atuarão no curso. A FACEDI em sua luta expõe a precariedade da interiorização das universidades, especificamente da UECE, que há décadas se instalaram no interior do Estado enfrentando problemas que vão da falta de sede própria a ter que conviver com baixa oferta de cursos de graduação. A UECE tem unidades em Itapipoca, Crateús, Limoeiro do Norte, Quixadá, Iguatu e Tauá.

Os representantes sindicais encerraram a entrevista afirmando que da parte deles todo o acordo foi cumprido: repuseram as aulas, terminaram o semestre 2013.2 (da deflagração da greve) e também já concluíram o semestre de 2014.1 e até agora, nenhuma reposta foi dada pelo Governador do Estado acerca dos pontos elencados. Para os docentes não existe outra saída para continuarem a defender as universidades estaduais do Ceará se não for a organização e mobilização dos docentes, estudantes e funcionários das 3 universidades estaduais, pois se forem “esperar tempo fácil e bom” para lutarem, as estaduais cearenses correm grave perigo de extinção e/ou privatização. E, caso isso ocorra, quem sofrerá as consequências será a população trabalhadora que com seus impostos financia as universidades estaduais do Ceará.

Os docentes afirmaram ainda que a decisão de deflagrar uma greve pertence à categoria docente que já está a par de tudo o que vem acontecendo. E uma decisão tão importante como essa deve ser antecedida de assembleias docentes, estudantis e de servidores técnico-administrativos em todos os campi onde atuam para que a decisão seja coletiva e que se paute, sobretudo, pela defesa desses importantes patrimônios culturais que são a UECE, URCA e UVA.

Ao final da coletiva, os docentes informaram a agenda de mobilizações dos próximos dias:
- 01/09, 9h, encontro com candidatos a governador, senador e deputados no Auditorio Central da UECE para assinatura de uma carta-compromisso em defesa das universidades estaduais cearenses;
- 02/09, 11h, assembleia docente no pátio do Bloco I, no Itaperi na qual discutirão o retorno a greve.

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