sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Cadastre-se para medir com precisão a sua banda larga

Indicadores de qualidade de conexão a rede de dados também foram definidos na Resolução 574/11, os quais deverão ser observados pelas prestadoras.
O Programa de Aferição de Qualidade da Banda Larga no Brasil, visa medir os indicadores de qualidade e precisa de voluntários.
Faça parte do grupo de brasileiros que irá medir a qualidade da conexão banda larga em nosso país.
Cidadãos e empresas de todos os estados brasileiros podem participar gratuitamente
A ANATEL e as operadoras de banda larga fixa (Internet) do Brasil têm o compromisso de medir e acompanhar os indicadores de qualidade da conexão banda larga em todo o país.
Para a medição da qualidade de banda larga fixa o Programa abrangerá usuários das prestadoras do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) com mais de 50 mil acessos (atualmente, Oi, NET, Telefônica/Vivo, GVT, Algar, Embratel, Sercomtel e Cabo).
Caso tenha interesse em participar dessa iniciativa, como voluntário, acesse http://www.brasilbandalarga.com.br/index.php/signup e faça sua inscrição.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Contra o Produtivismo, um protesto solitário


 Profa. Ana Fani Alessandri Carlos /USP

Compreender as condições nas quais se reproduz a sociedade brasileira, iluminar os conflitos e a condição profundamente desigual desse processo, requer dos pesquisadores a disposição de "habitar o tempo lento" imposto pela atividade do conhecimento. Esta compreensão – como prova a história do conhecimento – não é individual, pois pressupõe o debate de ideias entre pares, fundado no respeito à diferença e nas possibilidades postas pela diferença de vertentes e posições teórico- metodológicas que, antes de se conflitarem, se enriquecem. Esse processo exige tempo e condições de trabalho, exige também compromissos, e exige, ainda, disposição para o debate. O trabalho individual de reflexão/análise se coloca como pressuposto da elaboração do conhecimento, condição do debate
Nesse sentido, se não há uma verdade absoluta que se eleva no horizonte, tampouco existe somente um único caminho possível para pensar/interpretar o mundo. Por outro lado, penso que nosso papel na universidade é o de ensinar formando cidadãos, criando condições, dando-lhes ferramentas para construir essa interpretação. Mas, sem uma pesquisa que se debruce sobre a realidade, sem uma reflexão profunda e sem fundamento, exigidos pelo árduo trabalho de "gabinete", o que vamos ensinar-lhes?
Não sendo o único centro de produção do conhecimento, a universidade é, no entanto, o lugar precípuo desta possibilidade, que, para se realizar, precisa criar as condições necessárias dessa atividade. Trata-se de abrir espaços onde, sem preconceitos, possa desabrochar a diferença dos modos de pensar o mundo. A condição de independência e do exercício da liberdade de pensar se apoia na realização desta virtualidade. Mas o tempo da reflexão, cada vez mais consumido em papéis (hoje virtuais), relatórios e pareceres, de todos os tipos, definha sem percebermos. Em todos os lugares, a conversa aponta a "falta de tempo".
Não importa se nosso trabalho analisa o mundo, desvenda suas contradições mais profundas; se com a produção de um saber construímos os caminhos de um país independente. A universidade espera resultados quantitativos, muitos artigos publicados – ninguém se pergunta ou questiona seus conteúdos, se guardam alguma possibilidade fecunda de conceber este mundo e nossa realidade desigual e dependente - muitas participações/organizações de congressos, seminários, worshops - não importa se com eles aprende-se algo, se depois de exporem seus trabalhos as pessoas se dão ao, trabalho de permanecerem para o debate. E ainda poucos se preocupam com os debates, posto que o centro das preocupações é o certificado de uma "presença ilusória". Mas há mais. Solicitação de pareceres de todos os tipos, salas apinhadas, reitores autoritários, falta de ambiente acadêmico.
Diante deste cenário e da necessidade sempre ampliada do preenchimento do lattes, o que fazer? Há muitas estratégias. Posso correr de um colóquio a um workshop apresentando trabalhos "quase iguais, etc. “Estou tão cheia de trabalho burocrático que ainda bem que meus alunos escrevem artigos e colocam meu nome; senão não teria nada no currículo". Foi o que ouvi, quase literalmente, de uma colega em uma de minha viagens.
Outro dia, ao abrir a internet para ver o último lançamento de uma revista, constatei que uma porcentagem considerável dos artigos estava assinada tanto pelo seu autor verdadeiro quanto pelo seu orientador. Façamos uma conta, rápida: 10 orientandos escrevendo 2 artigos por ano somam 20 artigos no "currículo Lattes" de seu orientador. Parece tentador!
"Se os outros programas de pós-graduação fazem isso para aumentar a nota junto à CAPES, também faço...", ouvi de outro colega, coordenador de um programa de pós-graduação! Por uma nota melhor – em substituição ao reconhecimento e importância da produção acadêmica realizada– cada programa de pós-graduação torna-se não um parceiro de debate, mas, antes, um competidor. Mas até que ponto a CAPES (que somos nós) privilegia e cobra esse comportamento destrutivo dos professores? Onde e quando foi decidido pela comunidade geográfica que o mestrado deve ser concluído em 18 meses? Que se deve publicar cada vez mais (não importa com que conteúdo), que orientadores devem assinar, como coautores, pesquisas orientadas, quando sabe-se que existe até mesmo lei de direto autoral indicando que orientador não é coautor (lei cuja existência de maneira alguma substitui a ética)?
Será que a comunidade acadêmica está contente com essa situação? Quando foi que perdemos nosso discernimento e consciência sobre nosso papel de educadores, de formadores, de pensadores?
Um manifesto do GEU – Grupo de Estudos Urbanos –, que apontava com mais profundidade e amplitude essa situação durante o Simpósio de Geografia Urbana realizado em Brasília em setembro de 2009 caiu no vazio. Ainda outro dia recebi um e-mail de "corajosos professores da Paraíba" que se desligaram de seus programas de pós em protesto contra este estado de coisas. Decisão solitária, sem prováveis seguidores. Isso não soa como um alerta?
Nossa associação estaria preocupada com a situação dos programas de pós-graduação em Geografia e com as condições em que se realiza o ensino e a pesquisa, no Brasil? Ou a avaliação é de que "tudo vai bem"? Não seria o caso da ANPEGE abrir, em seu calendário, um lugar de debate para revermos essas práticas produtivistas e anti-éticas? Faz-se necessário que cada programa de pós-graduação veja no outro um parceiro de debate, um cúmplice na produção do conhecimento sobre a realidade brasileira.
Estou absolutamente convicta do papel da Geografia na compreensão do mundo moderno, onde o espaço vem assumindo um protagonismo inédito na compreensão da realidade de hoje. Mas isto exige trabalho de pesquisa, reflexão, ambiente de debate.
Meu protesto solitário: retiro-me da comissão científica de todas as revistas brasileiras das quais participo e que aceitam artigos em coautoria orientador/orientando sobre pesquisas orientadas, como procedimento correto e justificável.
Se achar pertinente divulgue, se quiser aderir, aja, há muitos campos de ação, procure um ou junte-se a esse!

Ana Fani Alessandri Carlos

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sobre o produtivismo acadêmico, artigo de José Maria Alves da Silva

 
 
José Maria Alves da Silva é professor da Universidade Federal de Viçosa. Artigo enviado ao JC Email pelo autor.

Nos primórdios da humanidade, o tamanho da população e suas possibilidades de reprodução dependiam crucialmente da disponibilidade de meios de subsistência. "Maximizar o aproveitamento de recursos", princípio que representa o sentido original da palavra economia (do grego oikosnomia), era então uma questão vital.
 Na sociedade capitalista contemporânea a situação é muito diferente. O avanço tecnológico, impulsionado pelo conhecimento científico, elevou a capacidade produtiva para níveis muito além das necessidades humanas essenciais e o imperativo econômico passou a ser o lucro. Nesse contexto, a produção de bens materiais adquire uma finalidade em si mesma e as necessidades humanas tornam-se pretextos que precisam ser reinventados incessantemente. Não se trata mais de "produzir para consumir para viver", mas sim de "viver para produzir para consumir". Consumismo e produtivismo são termos pejorativos surgidos na crítica denunciadora dessa inversão de valores.
Por contágio dessa cultura, introduziram-se nas universidades, primeiro as norte-americanas, modos de produção acadêmica de alta escala. Em conseqüência da institucionalização do lema "mass production", adquirem valor próprio quantidades de papel escritos na forma de livros, artigos em revistas indexadas e tudo o mais que pode servir para entulhar bibliotecas, sem necessariamente ter algo a ver com novas idéias ou avanço de conhecimento. Esse é o sintoma principal do mal conhecido como produtivismo acadêmico.
Onde o produtivismo acadêmico impera, conforme a imposta regra categórica do "publish or perish", não é preciso pensar ou pesquisar desde que se passe a impressão de estar fazendo isso, ao passo que os pensam e pesquisam seriamente correm o risco da exclusão, caso não consigam criar essa aparência. Aulas, conferências e palestras brilhantes, ou qualquer outro tipo de comunicação, fora dos meios reconhecidos, não contam, por mais que sirvam para solucionar problemas, enriquecer espíritos ou abrir novos caminhos de pensamento. Além de levar a uma rotinização da atividade acadêmica, tornando professores cada vez mais semelhantes a burocratas - os "buroprofessores", nos dizeres do saudoso geógrafo Milton Santos - isso contribui também para um clima cada vez mais competitivo, hostil e estressante nos campi universitários.
Nos países ricos, o produtivismo acadêmico tem um lado positivo na medida em que contribui para a geração de empregos de pessoal altamente qualificado, aliviando preocupações governamentais. Entretanto, nos países que mais carecem de soluções criativas para problemas cruciais, a existência de especialistas nas universidades públicas mais preocupados em gerar indicadores e atingir metas ditadas por agências de avaliação, constitui paradoxal desperdício de recursos valiosos investidos na formação de mestres e doutores.
* A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Uece fará concurso com 222 vagas

O primeiro edital sairá neste mês, com 76 vagas, e o segundo será lançado somente no próximo ano
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) vai realizar dois concursos públicos para a contratação de 222 novos professores. O edital do primeiro certame deverá ser publicado ainda neste mês e vai ofertar 76 vagas. No próximo ano, outro edital será divulgado pela instituição, dessa vez com 146 vagas.

Segundo o reitor da Uece, José Jackson Coelho Sampaio, esse é um momento rico para a Universidade devido à realização dos concursos e também da eleição dos diretores. "O último concurso realizado pela universidade aconteceu em 2005 e vigorou até o ano de 2007. Portanto já faz um bom tempo", acrescentou o reitor.

Municípios

Há sete anos foram ofertadas 81 vagas, sendo 25 para Fortaleza e 56 distribuídas entre Tauá, Itapipoca, Crateús, Limoeiro do Norte, Quixadá e Iguatu.

Sampaio comentou que a instituição tem 37 anos e, por isso, muitos professores estão fechando se aposentando. Dessa forma, muitas disciplinas podem ficar sem professor.

O reitor explicou que dessas 222 vagas que serão ofertadas no concurso, 146 são devido a aposentadorias, 47 por falecimentos e 29 por causa de exonerações. A expectativa é que com os novos mestres assumindo as vagas, a UECE recupere o quadro de professores que perdeu de 2007 até agora.

Além disso, ele também destacou que serão realizadas as eleições para o ouvidor da Universidade. Outro objetivo é fazer a eleição para 13 diretores dos centros, faculdades e das instituições de ensino. "Sem dúvida estamos tendo um ano muito bom, pois também conseguimos aprovar a criação de três novos doutorados e temos alguns projetos, em relação à pós-graduação, que saberemos até o fim do ano se vai dar certo", declarou José Jackson Coelho Sampaio.

Ele destacou que a Universidade Estadual do Ceará possui 144 grupos de pesquisa devidamente credenciados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que trabalham em 96 laboratórios.

Investimento
O governador Cid Gomes autorizou, na última sexta-feira (3) um total de R$ 55 milhões para investimentos nas três universidades estaduais cearenses até 2014. Desse montante, R$ 25 milhões serão destinados à Uece.

Melhorias na infraestrutura física serão realizados com os investimentos aplicados na Universidade. Serão construídos laboratórios, quadras esportivas, e implementados projetos de acessibilidade. Com a verba, também será adquirido um ônibus tipo rodoviários, assim como outros equipamentos.

De acordo com o reitor da instituição, esses recursos serão de grande importância para a melhoria da infraestrutura da Uece. "Esse dinheiro será investido principalmente em obras. A universidade cresceu, mas o seu espaço físico, principalmente no Interior, não acompanhou. Por isso, a estrutura precisa ser incrementada", afirmou Sampaio.

Fonte: Diario do Nordeste 09.08.2012