segunda-feira, 10 de outubro de 2011

USP vai investir R$ 5 milhões em ensino prático


Verba é destinada apenas à graduação e deve ser aplicada nos laboratórios dos cursos.


A Universidade de São Paulo (USP) lançou um projeto especial voltado para os laboratórios da graduação. A instituição vai investir uma verba de R$ 5 milhões para que os cursos desenvolvam a integração da teoria com a prática.

Com o novo programa, a ideia da universidade é melhorar a interação entre professores da USP e permitir que os alunos, junto com os docentes, desenvolvam projetos de pesquisas de relevância científica. Além disso, a USP quer que os cursos se autoavaliem e discutam suas práticas atuais.

O programa se chama Pró-Inovação no Ensino Prático de Graduação (Pró-IEP) e faz parte da política de valorização da graduação que a universidade está implementando. É a primeira vez que uma quantia tão grande de dinheiro é destinada à área.

"É o primeiro projeto da Pró-Reitoria de Graduação em que a concessão da verba não está vinculada proporcionalmente com o número de matrículas das unidades", afirma Telma Zorn, pró-reitora de graduação. "É um investimento no perfil típico da pesquisa que alguns cursos têm em potencial."

Segundo ela, o projeto é essencial no preparo dos alunos de graduação para o mercado de trabalho. "Não é possível formar um profissional apenas com a teoria", explica Telma. "A USP precisava dar um passo nesse sentido e isso tudo custa caro."

A verba será dividida por dez projetos de melhoria e inovação dos laboratórios dos cursos. Cada projeto deve custar, no máximo, R$ 500 mil. Eles serão selecionados por uma comissão constituída pela pró-reitoria de graduação e por membros externos ao Conselho de Graduação (CoG) - provavelmente, pró-reitores de outras universidades. As unidades interessadas devem inscrever seus projetos até meados de dezembro. Em fevereiro, os selecionados devem ser divulgados.

Oportunidade - Para os cursos que têm diversas disciplinas que dependem dos laboratórios, o projeto da Pró-Reitoria de Graduação é um bom começo. Os professores ressaltam que, sem os laboratórios, os alunos não têm como realmente praticar o que foi ensinado - como é o caso da área de saúde.

"A habilidade manual e o atendimento ao próximo são treinados dentro dos laboratórios", afirma Atlas Edson Nakamae, supervisor técnico e científico dos laboratórios da Faculdade de Odontologia da USP. "É neles que ocorre o preparo do aluno para lidar com o público e com procedimentos cirúrgicos complexos, que demandam muita responsabilidade."

Além do preparo do profissional para o mercado de trabalho, os professores ressaltam o aspecto acadêmico dos laboratórios para a graduação. "É nesse ambiente que se dá a pesquisa e o desenvolvimento científico, além proporcionar o conhecimento interdisciplinar para os estudantes", diz Carlos Zibel Costa, professor do curso de Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Informatização - O investimento nos equipamentos tecnológicos dos laboratórios, de acordo com os docentes, é outro ponto de extrema importância para os cursos. "Temos sempre de estar nos atualizando e o uso de novas tecnologias é de extrema importância para isso, para os docentes e especialmente para os alunos", diz Kazuo Nishimoto, do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica.

Os docentes dos cursos de graduação destacam que as aulas que ocorrem nos laboratórios reforçam a relação entre os professores e os estudantes.

"A interação é muito maior que em sala de aula", diz Jurandyr Ross, professor titular de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). "Quando o aluno vê a aplicação de tudo que aprendeu, ele se empolga." Ross destaca que, apesar de o curso ser da área de humanas, o uso dos laboratórios é intenso por conta, por exemplo, das imagens de radares e satélites.
(O Estado de São Paulo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário