sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Dois professores da UnB processam estudantes; uma deles será indenizada em R$ 8,5 mil


Francisco Brasileiro
Cecília Lopes
Da Agência UnB
Em Brasília 04/01/11

Dois conflitos entre professores e alunos chegaram à Justiça pelas mãos dos próprios docentes que, descontentes com o comportamento dos estudantes, moveram ações indenizatórias. Uma delas foi julgada na última terça-feira (1) com resultado favorável à professora Mônica Valero, do departamento de ciências farmacêuticas da UnB (Universidade de Brasília).

Mônica vai receber R$ 8,5 mil contra 17 ex-alunos que, em 2005, divulgaram um documento de quatro páginas intitulado “Manifesto da Mediocridade”, em que acusavam a professora de não dominar a disciplina que lecionava.

Em janeiro deste ano, o professor Neander Furtado, da arquitetura, também entrou com um processo por calúnia e difamação contra três estudantes. O professor acusa os estudantes de terem ofendido sua reputação com xingamentos em protesto realizado no dia 14 de julho do ano passado.

No processo, o professor pede uma indenização de 20 mil reais. Haverá uma audiência de conciliação no próximo dia 23. “Fomos surpreendidos com a intimação, o conselho da faculdade já havia discutido a questão e achamos que o assunto tinha morrido”, disse um dos estudantes acusados, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, o Centro Acadêmico de Arquitetura (CAFAU) reivindicava mudanças na disciplina Projeto de Arquitetura 2, ministrada por Neander. “Os estudantes escreveram palavras indecorosas em cartazes e me chamaram de arrogante e mau professor”, afirma Neander.

No ano passado, as críticas contra a disciplina foram encaminhadas para o conselho da Faculdade, que as considerou improcedentes. O professor afirma que os estudantes ignoraram as vias democráticas para resolução dos problemas e partiram para a agressão verbal. Neander diz que aceitaria fazer um acordo com os alunos caso eles façam uma retratação por escrito.

Condenados
O caso dos 17 ex-estudantes da Ciências Farmacêuticas condenados a pagar R$ 8,5 mil a professora Mônica Valero por danos morais aconteceu em 2005. Um documento espalhado pelo departamento acusava a professora de não dominar a disciplina que lecionava. “Eu sinto que a justiça foi cumprida. Foi uma fase horrível que manchou a minha vida profissional naquele momento, mas agora estou em paz”, comentou a professora.

Mariana Vidal, uma das ex-estudantes, esperava que Mônica não fosse adiante com o processo. “Isso mostra que ela é mesmo uma pessoa medíocre. Ela poderia ter levado na brincadeira como os outros professores”, disse. Outra ex-aluna, Pollyana Sousa, afirmou que não se arrepende de ter assinado o documento. “Tudo o que está escrito lá é verdade. Ela era estúpida com a gente em sala de aula”, conta.

Além de procurar a Justiça, Mônica tentou que a universidade punisse os estudantes. O colegiado de ciências farmacêuticas encaminhou ao professor Reynaldo Felipe Tarelho, na época diretor da Faculdade de Saúde, uma solicitação para instaurar um processo administrativo.

“Na verdade não aconteceu nada. Os alunos pediram desculpas numa reunião do colegiado. Eu não queria que fossem expulsos, mas esperava que fossem suspensos”, afirma Mônica. Ela conta que, dos cinco professores citados no documento, duas docentes pediram demissão por causa da manifestação dos estudantes. “Eu fazia isso também quando estudava, mas é inadmissível denegrir a imagem de alguém”, argumenta. “Eu queria dar uma lição, não processei por dinheiro”, completa.

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